"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

O maior pescador de achigãs de sempre



Apesar de ter nascido sem pernas e apenas com uma parte de um dos braços, Clay Dyer é pescador profissional de achigãs nos Estados Unidos.
Um exemplo de determinação e um exemplo para muitos de nós, que achamos que temos problemas demais...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Abertura a quê?


Mais um final de defeso, mais uma abertura à pesca geral, por assim dizer.
No passado domingo, os ciprinideos e os achigãs tiveram que se haver com os pescadores.
Eu, nós, fanáticos da pesca ao achigã como somos, lá fomos de manhã bem cedo, não para apanhar muitos, porque não pescamos por obrigação mas porque gostamos mesmo, só porque nos apetecia cheirar aqueles cheiros que só se conseguem muito de manhã.
Pouca gente. Nenhum barco. O que se passa? Viemos um dia antes?
Afinal havia motivo, nós é que não sabíamos…
Os achigãs, os tais peixes predadores/invasores e que comem tudo e acabam com as espécies autóctones, devem estar em vias de extinção, só que não sabíamos…
Resultado de um dia de pesca: seis ou sete achigãs, entre os dois pescadores, todos com menos de meio quilo. Que raio de invasor este, que não se encontra em lado nenhum, mesmo por quem lhe conhece os hábitos há muitos anos…

No regresso a casa, faz-se o ponto de situação:
- A água está um nojo, como é possivel que os peixes estejam bem?


- Pesca-se no defeso, com a passividade daqueles a quem pagamos o ordenado para fazerem o que não fazem. Há pescadores de competição embarcada ao achigã que se gabam nos fóruns de pescar no defeso... Se isto não fosse o país que é… mas os bons exemplos chegam-nos de cima. Cada um faz a lei à sua maneira e a fiscalização é inexistente.
- Há quem faça negócios com a venda de achigãs descaradamente em pleno defeso, vendidos ao desbarato de oito euros o quilo, nas margens do Cabril. Apetece dizer: - Oh da Guarda…!


Porque tem que ser assim? O nosso país está a saque? É o salve-se quem puder, mesmo destruindo um património que é de todos? Faz lembrar uma empresa falida que deve ordenados, e onde cada um rouba por onde pode.
Em conversa de loja de pesca, parece que o problema é generalizado, Alqueva incluído.
O mar alentejano que parecia de recursos infinitos, está arrasado. Nada que eu não tivesse adivinhado, escrevi-o várias vezes. Que raio de vida...


Valeu o almoço de grelhada mista com a familia e o facto de a grelha propriamente dita ter ficado em casa, que originou grandes doses de improviso e não nos impediu de almoçar e partilhar o momento. Apesar de tudo, vale sempre a pena ir à pesca...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Barbo comum, com 7,600kg


Aqui fica mais uma foto de um barbo do rio Tejo, tirada em ambiente natural, como aliás é regra deste espaço desde o primeiro dia.
Foi pescado pelo meu amigo Rui Semedo, pesou 7,600 Kg e foi capturado com um lagostim de vinil da Gary Yamamoto, enquanto o pescador tentava capturar achigãs.
Apesar dos maus tratos ao rio desde a nascente até à foz, e ao desaparecimento generalizado dos peixes, ainda há supresas...
Cada vez menos, infelizmente.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Abertura da temporada

Como manda a tradição, dia 16 de Maio ao calhar num fim-de-semana, para nós é dia de pesca pela certa. Este ano, a desova da maioria dos achigãs estava francamente atrasada, devido às condições climatéricas adversas que originaram atrasos no aumento da temperatura da água, evidenciados pelos 17 graus que indicava o termómetro da sonda.


Rapidamente confirmamos isso. O sortudo do costume, logo nos primeiros lançamentos, engana um achigã que depois de ter testado o fio de 0.25mm com uma série de desconcertantes corridas, rendeu-se e foi recolhido a bordo. Pesou 2,300Kg. Foi libertado com carinho, porque estes grandes exemplares são extremamente preciosos numa massa de água. São importantes devido ao seu potencial genético, coisa que muitos pseudo-pescadores ainda não entenderam quando sacrificam os grandes exemplares, sejam de que espécie for, e neste caso em particular se estiverem a proteger a geração desse ano. A quem é que lembra matar uma galinha, enquanto choca os ovos?
Como tal, abandonamos o local e procuramos zonas mais íngremes, onde dificilmente haveria peixes nesta condição fragilizada.
Entretanto, deparamos com uma alimentação frenética de carpas e barbos à superfície que devoravam pequenos escaravelhos caídos na água, numa quantidade nunca vista. Não me lembro de alguma vez ter presenciado tal fenómeno!
Encostamos o barco na margem e numa de pesca à pluma, aproveitamos a oportunidade.
Os escaravelhos eram tantos, bem como as carpas e barbos, que num dos meus lançamentos e enquanto olhava para o meu escaravelho, sinto um violento puxão na cana, sem perceber muito bem porque razão.

Quando olho na direcção da linha, abandonando o “meu escaravelho” fabricado em espuma preta de chinelo a 1€ o par, constato que aquele que eu estava a “guardar”, não era o meu escaravelho, mas sim um verdadeiro, porque o meu estaria umas dezenas de centímetros ao lado, levando a que uma carpa o atacasse sem que eu me apercebesse.


Mais uma das cenas insólitas da pesca, das que acontecem só a mim. Fiquei também com a convicção que deveria consultar um oftalmologista…

O sortudo, deu uma valente tareia nos barbos e carpas o resto da tarde enquanto eu descansava a vista e conversava com amigos.
Não incomodamos mais as “galinhas” que tomavam conta dos ovos…

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pequenas, mas lutadoras


Aproveitando umas horas de disponibilidade à tarde, rumei a um dos nossos regatos favoritos e secretos que só tínhamos visitado sem muito sucesso nas últimas saídas de trutas.
Como chegamos à conclusão que nos rios de maior dimensão, nos limitamos a passear e avaliar o deplorável estado em que se encontram estes recursos naturais, seria talvez tempo de tentar águas mais pequenas, mais limpas e menos poluídas e supostamente menos pressionadas pela pesca.
Com estas linhas de água são de pequeno caudal, são bastante arborizadas sobretudo por amieiros, cuja copa forma um túnel impedindo ou limitando drasticamente a pesca à pluma o que me levou a recorrer ao spinning ultra ligeiro, uma vez que não embarco em fundamentalismos patéticos. Cana Precision Spin da Vega, com apenas 1,35 e um micro carreto Vega Lupo, carregado com 0.20 de nylon Megaline e está a ferramenta pronta. Depois de uma pequena incursão no local habitual, com apenas duas capturas pequenas mas endiabradas, decidi visitar o diminuto ribeiro mais à frente, onde nunca tínhamos pescado.

O dia chegava depressa ao fim, e a conversa com um senhor que ia a passar de tractor, que tinha perdido as cabras que apascentava, tinha um moinho no ribeiro já ali e fez questão de o ir mostrar, atrasou-me um bocado o inicio do novo raid. Certamente não teria muitas oportunidades de mostrar a sua obra-prima e eu, honesto apreciador da habilidade de pessoas que do nada ou quase, consegue fazer muito, não me fiz rogado e saquei de imediato da máquina dos retratos.


De facto é impressionante o engenho das pessoas, que reutilizam uma tampa de esmalte dum fogão velho e fazem um registo para regular a água para o moinho, de pneus velhos sobrepostos e espaçados fazem degraus para a serra, dum pedaço de arame retorcido fazem um actuador para fechar a água, e cumulo dos cúmulos inventam um sistema tosco mas funcional que pára individualmente as mós, quando se acaba o grão para moer no alimentador!
Mas a água chamava-me… prometi que se visse as cabras as traria de volta e lá me fui pisgando enquanto me despedia, "até um dia destes…"


Mais uma pequena truta capturada e lutadora, uma perseguição furiosa quase até fora de água, mas todas pequenas também. Foi retirada do anzol sem danos de maior, cuja barbela é sempre esmagada e libertadas para crescerem mais e se lembrarem que nunca se devem atirar furiosamente a tudo o que brilha na água.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Abertura às trutas

Uma truta fário
No domingo passado, depois de mais um grande período de expectativa, aconteceu o primeiro dia de pesca à truta desta temporada. Desta vez, escolhemos um dos melhores rios truteiros nacionais, relativamente perto de nós, o Côa.
O nosso amigo ML tinha preparado um roteiro completíssimo, com acessos e zonas de pesca.
À chegada, os carros eram já mais que muitos junto ao rio, denunciando mais pescadores do que peixe.
- Bom como vamos “plumar”, damos tempo a quem já vai à nossa frente que se afaste mais e deixe os locais um pouco mais sossegados até à nossa chegada. Pode ser que alguma se engane…. acrescentei.
O rio estava com um óptimo caudal, mas a água estava extremamente límpida, denunciando que as trutas estavam bem escondidas nas raízes dos amieiros que ladeavam as magens.
Troço terminado a meio da manhã e sem quaisquer resultados. Os pescadores que entretanto passaram por nós estavam com a mesma frustração.
- E se tentássemos outro troço, desta vez a spinning, porque se consegue lançar mais próximo das margens opostas e apesar de tudo, uma colher é mais visível que uma pluma. Pode ser que alguma mais escondida, saia da toca para atacar o engano…
- Bora a isso… ouvi já de dentro do carro…
Troço terminado e nada…outra vez! Nem vestígios delas. Mas as margens estavam bem pisadas, evidenciando que a abertura dessa época já tinha começado algum tempo antes.
- Bolas, parece temos que ir ao viveiro de Quadrazais, que por acaso, até fica em caminho…
- Acho bem, senão nem lhe vimos a cor, responde o ZP.

Aí vamos nós.
Agora sim, aqui há trutas! No acesso ao nosso local, vemos imediatamente algumas junto à margem, que têm seguramente mais de meio quilo. São bem maiores do que da última vez que cá vim. E aparecem também algumas fário, o que não acontecia também na minha última visita, já lá vão uns bons anos...
O ZP para variar, apanha uma das grandes que pesou na balança da piscicultura, 885 gramas.

Uma truta arco-iris, a maior da jornada
Enquanto lutava com ela, surgiu outra maior ainda, que tentava roubar a pluma da primeira, enquanto arrastava um pedaço de nylon com mais de meio metro, enfeitado com vários chumbos de trincar… Devia ser a Moby Dick lá do sítio… com cerca de um quilo e meio...
Valeu-nos este pedaço do dia.
Lamentavelmente, constatamos mais do mesmo. Pagamos uma licença para obter um benefício que depois não nos é facultado.
O Estado arrecada o dinheiro das nossas licenças e não faz nada para nos retribuir. Não há qualquer retorno para o pescador, do dinheiro dispendido nas licenças de pesca.
O Estado não fiscaliza, não repovoa, não faz o que é suposto fazer e que esperamos de uma entidade de bem.
- A não ser abortar leis de pesca, completamente estapafúrdias e que não servem os peixes e muito menos os pescadores…

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Achigã Moçambicano


Como curiosidade, aqui fica a imagem dum achigã com 6,040Kg e 75 cm, pescado em Moçambique, no dia 25 de Janeiro deste ano, pelo sr. Francisco Eusébio. Relembro que o record desta espécie em Portugal é de 4,700Kg.
Esta foto foi-me enviada por um amigo comum que participou na pescaria e que trouxe também inúmeras histórias dos dias que passou naquele país africano, com fortes ligações a Portugal e particularmente a mim próprio.
Por isso, fiquei muito feliz por receber estas imagens e ouvir as histórias que as envolveram.
Material
Cana: Kistler Helium LTA 6,6 MH Spinning
Carreto: Shimano Navi
Linha: Berkley Whiplash 50 lb (0,17mm)
Amostra: Senko GYCB 5" - 912 (Watermelon/Greenpumpkin)
Anzol: Gamakatsu EWG 3/0
Peso: 1/8 oz Florida Rig (black)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Swim Baits


Os swim baits são amostras que se encontram já em utilização por uma boa parte dos pescadores portugueses, depois de este fenómeno ter acontecido também um pouco por todo o mundo. A americana AC Plug foi das primeiras marcas a produzir este género de amostras que conseguiram fabulosos resultados na captura de exemplares recorde e contribuíram para a divulgação dos swim baits. Actualmente, um grande número de marcas japonesas fabrica este género de iscos, tendo incrementado muito a variedade destas amostras no mercado.
Uma das suas características dos swim baits é a sua perfeição e o rigor na imitação da espécie que pretendem simular. A articulação do corpo é outra característica habitual que lhes permite obter o efeito porque são conhecidas e denominadas: a natação ou o “swim” – amostras nadadoras, se não nos chocasse esta tradução à letra da sua designação.
A sua utilização não tem nada que nos seja desconhecido e limita-se à recuperação, com toques e paragens, ou outra qualquer acção que nos seja produtiva em resultados.
Tratam-se normalmente de amostras de grande tamanho e de aspecto robusto, apresentando um peso bastante superior ao normal, nitidamente direccionadas para os grandes predadores, quer sejam de água doce quer de água salgada.


Os grandes fabricantes de canas como a Daiwa, Shimano ou a GLoomis adaptaram-se também a este género de iscos mais pesados e produziram equipamentos específicos. As swimbait rods são mais robustas, estão preparadas para arremessos pesados e habitualmente possuem cabos mais comprimidos que facilitam o lançamento.
Este género de amostras permitem explorar de outra forma as águas onde pescamos predadores, pelo que são mais uma ferramenta disponível ao pescador de iscos artificiais.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Para recordar...

Se há dias de pesca para recordar, este foi um deles. De tal forma, que ainda hoje me vem à ideia com doentia frequência...
A saída para a pesca estava atrasada, porque desgraçadamente o nosso barco, quando lá chegamos, estava em seco graças de uma mudança repentina no vento que o deixou virado para terra, enquanto a maré vazava…
Mas as férias não são para nos chatearmos com nada e não seria isso que nos ia estragar o dia de pesca.
Arrumamos o material, instalamos as electrónicas, preparamos as canas, arrumamos os cabos e tiramos umas fotos, enquanto a água da enchente chegava calmamente à proa do Ranger.
Uns empurrões, e aí está ele a flutuar. Rapidamente o motor é posto a aquecer enquanto saímos devagar por entre os restantes barcos ainda adormecidos na madrugada . Mais um minuto ao ralenti e depois, aumento progressivamente a velocidade porque os robalos estão à nossa espera, sem imaginar que nesse dia, vários estavam mesmo à nossa espera…
Chegados, faço o primeiro lançamento com uma passeante, uma das minha amostras preferidas para os achigãs, que uso quase há duas décadas, muito antes da recente febre do spinning de mar as ter tornado populares na pesca dos robalos.
Alguns lançamentos depois e o primeiro ataque surgiu, concretizado num robalo com cerca de um quilo e quatrocentas.
Mais ataques, mais peixes, mais falhanços, mais vezes ouvimos mutuamente “-Tenho um!!!” numa verdadeira cascata de adrenalina que não nos deixava descansar um instante.


Eles, nesse dia estavam lá e estavam a comer, disso não havia duvida e nós aproveitamos o frenesim. Em cerca de uma hora, pescamos dez peixes, com mais de um quilo e duzentas, tendo o maior pesado dois quilos e oitocentas.


Como pescadores conscientes e ao contrário do que vemos em muitas fotos um pouco por todo o lado, não sacrificamos todos os que pescamos e nesse dia libertamos cinco dos dez robalos capturados. Apesar de neste ano, apenas termos tido oportunidade de pescar desta forma, cerca de dez dias… Afinal, não somos nós os interessados em manter esta espécie?
Algumas libertações foram documentadas como a que já publiquei neste post, outras não houve tempo ou os peixes ficaram mal enquadrados porque não me estava a apetecer meter a cabeça dentro de água - visto que a máquina é submersível - para fazer o devido enquadramento ….
Foi um dia para recordar, não só pelos robalos que nos permitiram a sua captura mas também aos que - por via do destino - nos foi permitida a sua libertação.
Infelizmente a ganância de muitos pescadores desportivos, ou dito de outra forma, apanhadores de peixe para vender, irá rapidamente acabar com estes dias para recordar…
A esses, brevemente só lhes vai restar ficar a olhar para o material e pensar que esteve nas suas mãos, a continuação dos dias de abundância.

sábado, 8 de novembro de 2008

O achigã recorde do Zé Pedro...


Partilhar uma jornada de pesca com uma criança pode revelar-se uma surpresa. Em especial, porque os peixes não escolhem os anzóis...Esta história verídica passou-se em 2001, no fim de uma tarde de Julho.
- Há aqui alguém interessado em ir dar uma volta de barco?
Foi como se de repente, se ouvisse gritar que havia fogo cá em casa...
- Hehehe… - Como gosto de fazer isto... pensei para comigo.
A mãe foi preparar o lanche, porque o ar do campo abre sempre o apetite, vestir o fato de banho, calçar os ténis, procurar o livro que está a ler, etc.
O pescador mais jovem, foi preparar o colete de pesca, calçar as sandálias, procurar o boné, eventualmente debaixo da cama, junto de uma infinidade de coisas que só ele conhece a utilidade.
- Daqui a cinco minutos, na garagem! - Fui dizendo enquanto fechava a porta.
Engatei o barco no carro, enquanto chegavam os restantes passageiros e aí vamos nós.
Já no rio, como estavam bastantes pescadores de margem nas imediações, fomo-nos afastando com o motor eléctrico, que não faz ruído e aproveitando para começar a tentar enganar os achigãs mais distraídos, mesmo já ali.
Após alguns lançamentos, pesquei um, com cerca de quatrocentas gramas.
- Já cá tenho o primeiro... Disse em voz alta e tom jocoso, para espevitar o meu aprendiz.
Mas ele resmungou qualquer coisa relacionada com o fio e não ligou.
Depois de tirado do anzol, foi devolvido com cuidado à água. Mais uns lançamentos e mais um achigã, pouco maior que o primeiro.
- Dois, a zero…digo eu, em jeito de provocação.
Nada… Não responde…
Após alguns lançamentos, o jovem pescador capturou um, com cerca de meio quilo, enquanto eu lutava com outro, de cerca de um quilo. Algazarra a bordo. Dois peixes, ao mesmo tempo... Espectacular!!!
- Mãe, foto para a equipa, por favor… digo eu enquanto o Zé Pedro se colocava ao meu lado. Peixes na água, e toca a recomeçar.
- Pai, temos que ir àquelas pedras fazer uns lançamentos, diz ele.
- Claro, respondo sem hesitar.
Lancei e apercebo-me de um derivar da linha, quase imperceptível. Ferrei, mas nada.
Entretanto, o Zé Pedro lança para lá e ferra com violência. Em troca recebe um violento puxão que lhe deixa a cana apontada para a água e sem capacidade de reagir.
- Pai… paaaai... gagueja, enquanto o fio continua a sair do carreto…
- Vai ajudá-lo, depressa...diz a mãe, enquanto eu corro para a máquina fotográfica.
- Nem penses, retorqui, não vou perder a oportunidade de fazer umas fotos...
Vejo a linha a dirigir-se para a superfície, indicando que o peixe vai saltar fora de água. E aí está ele...em todo o seu esplendor... tem... mais de... dddois quilos... DOIS QUILOS... ??????
Só agora é que todos nos apercebemos do que é que o Zé Pedro tem na ponta da cana a lutar com barbatanas e dentes para se soltar... Um enorme achigã, o peixe mais desportivo, lutador e espectacular que existe.
Está instalado um motim a bordo: O miúdo grita porque acha que não está a ver bem. A mãe acha que o devo ajudar. E eu estou muito mais interessado em eternizar este momento único, não dando tréguas à máquina fotográfica.
O peixe, ora salta fora de água, ora afunda, deixando o iniciado pescador, sem pinga de sangue...
Finalmente, já cansado, aproxima-se para ser içado para o barco, pelas pequenas mãos do meu filho, que está nitidamente em estado de choque.
Já com o peixe dentro do barco, ninguém quer acreditar no que está a ver.
- Ganda Zé Pedro!!!... digo emocionado, - Vamos pesá-lo, rápido.
- Dois quilos e quinhentas gramas, meu !!! digo enquanto mostro a balança à mãe, incrédula !!
Uma foto do pescador com o peixe na balança e aí vai ele para a água, bem vivo e em condições de crescer mais uns quilos. Se não se deixar enganar por alguém que o ache mais interessante rodeado por batatas no forno. Nós, pelo contrário, consideramo-lo mais importante bem vivo e aos saltos na ponta das nossas linhas...
- Pai, agora já não me podes chamar pescador de meia-tigela...
- Tá bem, pescador de tigela inteira... Imagino os sonhos dele, nessa noite...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Walking the dog ou passear o cão...


Pescar qualquer peixe seja de água doce ou salgada com amostras de superfície, tem sempre qualquer coisa de mágico. A imagem que de imediato associo a esta pesca é a de um teatro de marionetas, em que as amostras são as marionetas inanimadas. Com mestria e inspiração, tornam-se verdadeiros seres vivos que nadam, chapinham, saltam e cospem água. Ou seja, rapidamente passam de seres inanimados a bichos irrequietos e endiabrados de um momento para o outro, desde que o mestre animador tenha talento para isso...
Na categoria das amostras “passeantes” encontramos os iscos que trabalham à superfície, descrevendo um percurso de curtos ziguezagues. É o chamado “walking the dog” como dizem os americanos que se pode traduzir por “passear o cão”. Esta parábola surgiu porque quando passeamos o cão ele vai de um ao outro lado da rua, cheirando todos os obstáculos ao seu alcance.
Para conseguir esta acção deve imprimir-se na cana ao recolher, uma sequência de curtos e rápidos toques de ponteira, para que a amostra venha a até nós em constante mudança de direcção, enquanto se recolhe o fio. Nesta categoria de amostras, encontra-se aquela que conseguiu enganar o “nosso” recorde nacional e europeu. Não é de estranhar, visto que este tipo de iscos produz habitualmente peixes grandes.
São amostras que lançam bastante longe devido ao tamanho e consequentemente ao seu peso. A desvantagem disto surge aquando do contacto com a água, sendo habitualmente ruidoso. Por isso há necessidade de lançar para além do local onde pretendemos pescar, para que abordagem da amostra ao local pretendido seja mais natural. Ou ainda, pouco antes da queda na água, com o dedo indicador, trava-se a saída do fio, baixando ao mesmo tempo a ponteira da cana, conseguindo-se desta forma amortecer o impacto na água.
Como locais de eleição para a sua utilização encontram-se as árvores caídas, docas, plataformas de captações de água ou pilares de pontes, ou qualquer ouro tipo de estrutura que possa dar abrigo e local de emboscada a um achigã.
Quando utilizadas no mar os pontos ter em conta são os mesmos, ou seja a discrição ao contacto com a água e a sua utilização aplicada aos locais onde possam circular os predadores.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O Jig


Um quê ? …
Jig… Isso mesmo. Pronuncia-se como se lê, sem entoação nenhuma! Não são muitos os pescadores que o usam, mesmo quem pesca com mais frequência e mesmo quem pesca embarcado.
Fisicamente um jig é bastante simples. Trata-se dum anzol, relativamente forte e grande, (geralmente entre os tamanhos 3/0 e 5/0) tendo junto à argola onde se empata o fio, um pedaço de chumbo em forma cónica ou esférica, habitualmente pintado. A amostra fica completa com um conjunto de finas tiras de silicone ou borracha, a que habitualmente se dá o nome de “saia” e com um dispositivo constituído por filamentos de plástico rijo que saem da “cabeça” de chumbo em direcção ao bico do anzol, sobrepondo-se ao mesmo. Este dispositivo denomina-se “anti-erva” e tem o importantíssimo papel de reduzir ou evitar que o anzol se prenda pelos sítios por onde passa, mesmo na vegetação e arbustos mais densos que possam existir.
Recentemente muitos jigs vêem equipados com um pequeno tubo colado ao corpo do anzol, com algumas esferas metálicas, com o fim de produzirem sons de forma a que o isco seja mais atractivo e ao mesmo tempo, mais facilmente localizável em condições de água mais barrenta ou menor luminosidade.
Este isco tem no entanto a particularidade de raramente se usar por si só. Ou seja, quase nunca se utiliza para pescar tal como foi descrito anteriormente. Normalmente utiliza-se com um “atrelado” que, tal como o nome sugere (dando a ideia que é rebocado), é aplicado na zona mais direita do anzol, que o veste e compõe para que fique mais atractivo pelo movimento, cor e sabor que se lhe adiciona.
Quanto aos pesos que habitualmente se utilizam, tenhamos em conta que nesta forma de pescar todo o material é peso-pesado. Os mais utilizados são os de 10 a 15 gramas.

Atrelados ou “trailers”
Nesta parte dos atrelados ou “trailers” como dizem os americanos, não existem regras, sendo o limite a nossa imaginação.
No entanto, o atrelado mais utilizado com o jig, é o courato de porco. Trata-se de um pedaço de pele de porco e alguma gordura, que pode ter vários formatos e cores. Os mais comuns têm a forma de pernas de rã - “pork frog” ou de lagostim - “pork craw”.
Estes atrelados como são fabricados com uma matéria perecível, são adquiridos em pequenos frascos onde estão mergulhados num líquido que os conserva. É de evitar porém, que fiquem sujeitos a altas temperaturas de Verão e mesmo assim têm algum tempo limite de conservação. Esta combinação do jig com o atrelado de courato de porco, é conhecida geralmente na gíria dos achiganistas por “jig-and-pig”.
Actualmente os atrelados em plástico mole são mais utilizados, tendo como base os lagostins e minhocas. Para além destes, nada nos impede de utilizarmos outros atrelados, como seja uma minhoca com a cauda mais comprida e ondulante ou até uma salamandra de plástico.
Nos últimos anos surgiu no mercado a combinação do courato de porco com um isco plástico. O resultado é um isco com a forma de um courato de porco - geralmente na versão “frog”, mas fabricado em plástico mole, que por questões de durabilidade têm vindo a ganhar adeptos entre os pescadores, também em boa parte devido à comodidade de utilização.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Estruturas e coberturas



Na corriqueira conversa de pescador de achigãs, não se dá habitualmente importância à separação entre uma estrutura e uma cobertura. Generalizou-se o termo estrutura e usamo-lo para ambas as situações. Não é de todo incorrecto. Nos Estados Unidos, que estarão sempre na vanguarda no que concerne a esta modalidade, muitas vezes não se verifica esta diferenciação entre os dois tipos de elementos. Mas, importa agora definir o que cada uma destas palavras pretende descrever. De um modo geral e o mais simples possível, podemos afirmar que estrutura é qualquer modificação ou particularidade, que possa ser interessante para os achigãs, localizada abaixo do nível da água e fazendo parte integrante do fundo, mesmo que seja a baixa profundidade.
Cobertura é como o nome sugere, algo que está por cima e perfeitamente visível ao contrário das estruturas. Dito de outra forma, tratam-se de locais que pelas suas características atraem achigãs e se localizam acima da linha de água ou em toda a extensão da coluna de água. Podem até não estar ligadas ao fundo, como as jangadas de captação de água ou plataformas de cais para barcos.

Estruturas:
- Os “bicos”
Na gíria dos pescadores de achigãs, este nome pretende fazer referência a um dos mais procurados e produtivos pontos de pesca. Trata-se nem mais nem menos que um pedaço de terra que entra pela água dentro, criando na área submersa uma zona de baixa profundidade entre águas mais fundas de ambos os lados. Podemos com facilidade imaginar o relevo do fundo observando com atenção a morfologia da parte visível, que está fora de água. Olhando para a área onde o bico entra na água e com alguma imaginação e treino, conseguimos traçar o relevo da área submersa.
Os iscos para estas estruturas são por norma os crankbaits e os spinnerbaits. Trabalham depressa, mas tendo em conta que a visibilidade é boa para ambos os lados do bico, leva a que sejam facilmente detectáveis tornando-os muito produtivos nestas condições.

- Elevações submersas
Tratam-se justamente de elevações no relevo do fundo que por formarem uma variação mais ou menos brusca na topografia, fornecem um bom local de emboscada e por isso atraem os achigãs.
Estas alterações são consideradas de baixa profundidade até cerca dos três metros, em que podem ser utilizadas praticamente todas as amostras conhecidas, incluindo as de superfície se a limpidez das águas o permitir.
A mais de três metros de profundidade este tipo de estruturas exige um leque de técnicas menos alargado. Nestas condições, a forma de pescar passa mais para a vertical e os iscos mais habituais são as minhocas à Texas, os jigs, as colheres e montagens de finesse como o darter jigging, doodling, ou o drop-shot.

Coberturas:
- Vegetação aquática
Um dos locais que os achigãs mais apreciam são as zonas com plantas aquáticas. Para além de servirem de bom local de emboscada, são muito procuradas pelos pequenos peixes, e rãs devido ao alimento que proporciona, geralmente constituído por pequenos invertebrados, insectos, larvas e plâncton. Também os peixes maiores são atraídos pela abundância de peixes mais pequenos. As plantas têm a particularidade de produzir oxigénio através da fotosíntese enriquecendo assim a água neste elemento fundamental à vida, tornando o local aprazível a toda a vida incluindo os peixes. As zonas de plantas aquáticas são também usualmente procuradas pelos machos para a construção dos ninhos, sendo mais um dos motivos para a concentração de achigãs na época da reprodução.
Infelizmente, salvo algumas raras excepções, as maiores albufeiras do nosso país estão desprovidas de qualquer tipo de vegetação. No entanto, onde esta formidável cobertura está presente, os achigãs estão por perto...


As amostras para esta cobertura são naturalmente as que possuam um qualquer sistema anti-erva a menos que existam clareiras que permitam o trabalhar duma amostra sem as indesejáveis prisões.
Buzzbaits, spinners, minhocas à Texas e flutuantes, jig´s e outras concebidas para pescar nestas condições, são as que mais possibilidades terão de tentar os achigãs emboscados na vegetação.

- Árvores submersas
Este tipo de coberturas é também das que mais seduz os pescadores de achigãs. Os peixes procuram as arvores localizadas dentro de água, quer estejam na posição normal quer estejam tombadas, mais uma vez por se tratarem de bons locais de caça, quer apenas como refúgio e esconderijo em caso de inactividade.
A tendência é que os peixes mais activos que procuram estas coberturas se localizem mais próximos da superfície, sendo possível enganá-los com amostras rápidas como os spinnerbaits ou mesmo amostras de superfície, incluindo buzzbaits.
As amostras de vinil, na tradicional montagem à Texas, os jig´s ou um spinnerbaits de apenas uma pequena lâmina Colorado em queda, se a água estiver mais turva, serão as amostras escolhidas para pescar nestas formidáveis coberturas.

domingo, 30 de março de 2008

Trutas à chuva


Qualquer pessoa de bom senso, hoje não sairia da cama para ir pescar.
O céu cinzento-escuro, o vento desagradável e a preguiça, não eram bons conselheiros, para um dia de trutas, porque seria lidar directamente com água por cima e por baixo.
Mas como teimosos, ou como agora se diz, persistentes, lá fomos pescar numa ribeira que não visitávamos há mais de três anos.


Para nosso contentamento, a água continua cristalina e pura, porque felizmente não tem nenhuma dessas modernas ETAR´s para a contaminar, com toda a espécie de porcaria que nós humanos, fazemos.
Pescamos umas quantas, pequenas, mas atrevidas e endiabradas, debaixo de uma tempestade de vento e chuva que tendeu a desaparecer para o final da manhã.
Ficou prometida uma próxima visita, desta vez à pluma, embora todas aquelas árvores da ribeira já se estejam a preparar para a decoração da próxima quadra natalícia e ainda faltam uns meses largos…

domingo, 16 de março de 2008

As Popper´s


A popper é um isco artificial já bastante conhecido entre nós que tem como característica mais evidente o facto de possuir na zona frontal, uma concavidade que a caracteriza fisicamente, bem como o seu funcionamento. Com efeito, é a “boca“ que estas amostras possuem, que ao ser utilizada em acção de pesca, produz o som que vai atrair os achigãs ou qualquer outro predador e fazer com que a ataquem com violência.
Existem num sem número de modelos, cores e tamanhos. As que se usam habitualmente para pescar achigãs medem entre seis a dez centímetros. As cores mais comuns, são quase sempre claras e bem visíveis – branco, verde alface, amarelo vivo, vermelho, laranja, dourado e prateado – para que facilmente sejam detectadas pelo peixe. A “boca”, em muitos modelos está pintada de vermelho ou laranja. Em situações de pouca luz ou em dias sem sol, as cores mais escuras produzem melhores resultados.
Os modelos variam muito pouco e embora sejam fisicamente semelhantes, existem em inúmeros modelos e tamanhos para todos os gostos.
Para que estas amostras produzam o efeito desejado, devem ser “trabalhadas “. Quer com isto dizer que é necessário dar toques com a ponteira da cana, para que se faça ouvir o som produzido pela tal concavidade da amostra.
No lançamento, as preocupações vão para a suavidade da queda do isco na água, e precisão na colocação da amostra no local desejado. Após o lançamento, devemos esperar dois ou três segundos antes de começar. Com a ponteira da cana na horizontal ou até um pouco mais baixa, damos um pequeno toque de ponteira para que o isco faça um som parecido com “buuac”. Passados alguns segundos – um ou dois – novo toque de ponteira. Depois outro. E assim sucessivamente até que a amostra chegue próximo de nós. Este tipo de toques pode-se considerar o mais normal. Contudo, sem considerar as variantes, existem mil e umas formas de executar este trabalho.
Quando a água está espelhada, sem vento, os toques devem ser mais suaves e muitas vezes a pausa é substituída por pequeníssimos toques de ponteira, que sem produzir som, fazem apenas “mexer” a amostra, transmitindo a sensação de que se trata de um ser vivo e tenta desesperadamente sair da água, onde caiu. Numa situação de algum vento os toques serão mais enérgicos, para que os sons sejam mais audíveis pelo peixe. Nestas condições, a própria ondulação faz mexer a amostra, evitando-se os pequenos toques atrás referidos.

E já agora, não se esqueça: Pratique o Pescar e libertar para a pesca não acabar!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Bill Dance bloopers - Cenas III


Como já há algum tempo não postava mais umas cenas do profissional americano Bill Dance, aqui ficam mais duas, uma delas com um anzol triplo dum crankbait espetado num pé.

Bill Dance a pisar um crankbait só pode rivalizar com ele próprio, a espetar um anzol triplo dum crankbait no nariz!!!!!

domingo, 2 de março de 2008

Trutas, raras...


Dia 1 de Março é dia de abertura oficial para a pesca à truta. Oficial, porque para muitos a época já abriu há muito tempo. Por toda a zona centro e norte do país, alguns aficionados desta pesca percorrem as margens de ribeiros com águas cristalinas e frias à procura de um peixe difícil, arisco, lutador e cada vez mais raro.
É uma pesca difícil, esta. É difícil percorrer as margens cheias de matagal, silvas e árvores tombadas pelas cheias, ainda do ano passado. Pescar uma truta também é difícil. Especialmente porque este peixe é perseguido pelo Homem, que também lhe suja as águas com resíduos e com as modernas ETAR´s. Nota-se um sedimento no fundo, que decididamente não faz parte do habitat de uma truta.
Nota-se nas margens a erva pisada recentemente em locais inacessíveis, em carreiros feitos por pessoas que não vão lá apenas para ver a água.
Pena é que o ICNB – Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade que preconiza uma desprotecção das espécies exóticas, como o achigã e a carpa, não se preocupe minimamente em proteger as espécies autóctones, como a preciosa truta.
O resultado de uma manhã de pesca de três pescadores saldou-se numa truta “especial”, com cerca de trinta centímetros que foi cuidadosamente devolvida à água. Especial, porque é mesmo única, uma vez que tinha uma enorme pinta preta, com cerca de um centímetro e meio, no seu lado esquerdo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

As Rattlin Trap


Não é das amostras mais antigas e com mais tradição, surgindo o primeiro modelo, o Sonic da Heddon, em 1950. No entanto, nos últimos anos, foram muitos os fabricantes que apresentaram novos modelos bastante atraentes, até para os achigãs...

Constituição
O aspecto exterior deste género de iscos artificiais é o de uma amostra um pouco mais espalmada lateralmente que as demais. Característica também bastante visível é a ausência da habitual patilha frontal plástica dos crank´s tradicionais. Aqui o efeito é conseguido de outra forma.
Uma vez que afundam logo que entram na água, a vibração do isco é conseguida pela parte frontal superior da amostra, que ao “cortar” a água, vibra de forma muito rápida. Outra característica que sobressai de imediato é o chocalhar de qualquer coisa no interior quando lhes pegamos, fazendo lembrar um brinquedo de criança. Este é com efeito, uma das características mais apelativas para o peixe. Alojadas em várias câmaras estão esferas metálicas de diferentes tamanhos, responsáveis pelo ruído característico. Este ruído quando produzido dentro de água, chama a atenção dos achigãs ou qualquer outro predador a uma distância muito grande.
O material base com que são construídas as amostras lipless é o plástico duro ou outro material semelhante, com a característica fundamental que seja bastante duro, para que o ruído produzido seja mais audível.
Os anzóis triplos, habitualmente dois, estão colocados um no ventre e o outro na parte posterior do isco sendo o peso mais utilizado a ½ onça ou seja cerca de 14 gramas, que cobre a maioria das situações de pesca.

Pescar com as Rattlin Trap
Como qualquer crankbait, esta amostra é uma excelente localizadora de peixe. Ou seja, tratando-se de um isco rápido, muito rápido até, dá-nos boas indicações de localização das estruturas ou dos locais em que os achigãs estejam situados.
Pode ser utilizada como um crankbait normal, iniciando a recuperação logo após a entrada na água. Neste caso o lançamento é efectuado para junto da margem e sem mais nenhuma acção especial por parte do pescador, que não seja guiar a amostra e recuperar o fio.
Como se trata de um isco que afunda de imediato após a entrada na água, dá-nos teoricamente a possibilidade de pescar à profundidade desejada. Para que tal suceda, basta-nos ter um conhecimento, pelo menos aproximado, da profundidade do local em que queremos que a amostra trabalhe. Depois da entrada na água, calculamos mentalmente o local em que o isco se encontra durante a queda, iniciando a recuperação na profundidade desejada, cruzando desta forma a área pretendida.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Bassboats - Barcos para achigãs



Um modelo em fibra com 18 pés, em plena navegação

Existem algumas considerações que devemos ter em conta, ao tentarmos perceber o porquê, da pesca ao achigã se efectuar normalmente de barco. Não existem grandes dúvidas que os achigãs que se encontram num período de actividade, ou seja em busca de comida, se encontram mais localizados junto das margens. E é fácil entender o porquê desta localização. Uma boa parte, senão a grande maioria dos alimentos que o achigã come, provêm das margens ou zonas baixas.
Poderíamos ainda referir um dos motivos que leva este peixe até zonas pouco profundas: A sua reprodução, com toda a actividade que envolve essa tarefa, importantíssima para um achigã, independentemente do seu sexo.
A ter em conta ainda que caminhando ao longo da margem, é mais fácil assustar esses peixes que se encontram activos, ou pelo menos, deixá-los de sobreaviso. Por outro lado, pescar de barco dá-nos sempre a possibilidade de chegar a outros locais, completamente inacessíveis da margem. Desta forma temos acesso a ilhas, zonas rochosas de grande declive, margens de vegetação densa, sem acesso por terra, e locais menos utilizados pela maioria dos pescadores.

Barcos para achigãs
Apesar de qualquer barco servir para pescar achigãs, existem os que efectivamente foram concebidos para este tipo de pesca, conhecidos por “bassboats” ou barcos para a pesca do achigã. Têm um factor comum: conjugam factores como a estabilidade quando em acção de pesca, com elevadas performances ao navegar, atingindo boa velocidade, factor importante quando se pesca em competição.
Devemos considerar, que os barcos para a pesca do achigã são fabricados em dois tipos de material, sem contudo existirem vantagens de relevo entre o alumínio e a tradicional fibra de vidro. Os fabricados em alumínio possuem vantagens que os de fibra de vidro não têm e vice-versa.
O mais importante terá certamente a ver com o gosto pessoal do pescador, sendo também o elemento custo, um dado a ter em conta, com a vantagem neste campo para os de alumínio. Estes são também mais leves, quando comparados com os construídos em fibra e de tamanho idêntico. Neste caso, é possível obter uma performance ao navegar semelhante ao rival de fibra, com um motor de menor potência e naturalmente de menor consumo.


Um modelo de 17 pés, construção de alumínio


No entanto, não há bela sem senão. O alumínio se não estiver pintado escurece e mancha com facilidade e as linhas do casco são visualmente menos atraentes. Em caso de forte ondulação e devido à (geralmente fraca) hidrodinâmica habitual nestes modelos, estes “batem” mais, tornando o navegar mais penoso que os cascos em fibra.

A estabilidade
A condição que se pode realmente considerar mais importante neste tipo de barco, é sem dúvida a estabilidade. Estes barcos possuem plataformas a que chamamos decks e que servem para os pescadores se instalarem em acção de pesca. Como estão a um nível mais elevado que o fundo do barco, permitem efectuar sem dificuldade alguns tipos de lançamentos, como o pitching e o flipping que doutra forma não seriam muito fáceis de executar. Uma vez que os decks nos dão um amplo espaço de manobra, percebe-se que se o barco não possuir alguma estabilidade, o constante baloiçar lateral pode causar algum desconforto.

O viveiro
Trata-se de um espaço estanque, que é cheio com água oxigenada e renovada periodicamente, através de uma bomba eléctrica accionada por um sistema de comando com temporizador ajustável. Este equipamento é de extrema utilidade quando se pesca em competição, visto que os peixes devem obrigatoriamente ser apresentados vivos à pesagem, e por isso em condições de serem libertados.

O compartimento das canas
O local para arrumação de canas está também contemplado neste tipo de barcos. É muito útil, uma vez que permite o transporte e arrumo das canas de pesca, em condições de segurança.

O motor eléctrico
Para as deslocações silenciosas e posicionamento em acção de pesca, o motor eléctrico é outro elemento fundamental numa embarcação deste tipo. É com este pequeno motor que nos aproximamos sem ruído e consequentemente, sem assustar os achigãs. Existem modelos que possuem um sistema de comando com o pé, o que nos deixa as duas mãos disponíveis a tempo inteiro para a pesca. Funcionam alimentados por baterias de 12 volts, idênticas às que habitualmente se utilizam nos automóveis. Alguns modelos estão equipados com um dispositivo electrónico - Duramp ou Maximaiser, dependendo do nome dos dois maiores fabricantes, que permite uma poupança da carga da bateria.


Vista superior com um lay-out típico dum barco de pesca ao achigã


A sondaTrata-se de um dispositivo que possui um écran de cristais líquidos, onde são continuamente apresentados os objectos (peixes) em suspensão na água e o relevo do fundo do local onde nos encontramos. A profundidade desse local é também representada no écran. Este é a função básica de qualquer sonda, por mais simples que seja. Alguns modelos mais completos apresentam temperatura da água, a velocidade instantânea do barco, distância percorrida e diversos alarmes de peixe e profundidades.

Este tipo de barcos possui ainda vários compartimentos localizados na zona inferior das plataformas, onde se pode armazenar diverso material, como caixas com material de pesca, coletes salva-vidas, roupas, alimentos e bebidas ou a palamenta da embarcação.
Embora não seja de todo necessário possuir um barco para a pesca do achigã, este facilita-nos bastante a pesca, sendo por isso uma aquisição a considerar para quem pretenda fazer uma pesca mais séria ou enveredar pela competição.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O anzol, peça de arqueologia

Anzóis antigos, expostos no Museu das Ruínas de Conimbriga

Apesar de os anzóis hoje à venda no mercado serem manufacturados com a mais recente tecnologia, este artefacto é o que menos evoluiu desde à milhares de anos até ao nossos dias.
Quando empatamos um dos nossos anzóis, no extremo da nossa linha de fluorcarbono, bobinada num carreto com muitos rolamentos de inox e construído em grafite, instalado numa cana de carbono de alto módulo reforçado por fibras XPTO, não temos em conta que na História da pesca, esse objecto foi que menos se modificou nos últimos 20.000 anos.
Esta actividade, que o Homem primitivo desenvolveu para sobreviver, foi também uma das que naturalmente mais o obrigou a pensar e aguçar o engenho, para que as suas saídas para a pesca fossem cada vez mais produtivas. Por isso, terá nascido um gancho manufacturado em osso e/ou espinha, eventualmente preso a um pau e que servia para içar os peixes atraídos pelo alimento, colocado maliciosamente no artefacto curvo.
Com efeito, os mais antigos objectos que se podem classificar como anzóis, foram encontrados na zona da antiga Checoslováquia. Eram fabricados em osso de mamífero, e pertenciam a pescadores cujas jornadas de pesca decorreram há 20.000 anos atrás.
Os arqueólogos encontraram anzóis primitivos construídos em osso, espinha de peixe e madeira, em quase todos os locais do mundo. Algures na Escandinávia foram encontrados anzóis datados de um período com cerca de 10.000 anos. No Este da América do Norte foram encontradas gravuras rupestres da idade do Bronze, representando pescadores com varas, linhas, anzóis e peixes.
Na antiga Mesoptânia, em 4.000 A.C., construíam-se anzóis em cobre, surpreendentemente parecidos com os dos nossos dias. Os olhais, as curvas e barbelas mudaram muito pouco desde então. Hoje, os fabricantes usando tecnologia da era espacial, limitam-se basicamente a melhorar o design e o material que constitui o anzol.Provavelmente, os primeiros pescadores desportivos foram os Egípcios, segundo gravuras encontradas. Representavam vários pescadores há 2.000 anos A.C. usando canas, linhas e anzóis.
Na realidade, existem duas vertentes básicas que são as que estão em constante evolução e desde à 4.000 anos: A facilidade ou capacidade de penetração e a resistência à tracção.
A capacidade de penetração, prende-se fundamentalmente (mas não só), com a espessura, qualidade e tipo do bico do anzol. A resistência à tracção é a outra vertente a que os fabricantes estão atentos e desenvolvem continuamente, estando estes dois vectores directamente interligados.
Para melhorar a penetração recorre-se hoje a revestimentos derrapantes, como é o caso do Teflon e pontas de tipo especial, com formatos inovadores e materiais mais resistentes, que mantêm o bico sempre afiado. Estes por sua vez, são afiados a lazer, por processos químicos, etc.. Para melhorar a capacidade de penetração, tenta-se produzir um anzol mais fino - perfura melhor, mas que deve manter a capacidade de resistir aos ímpetos do peixe, ou seja é necessário manter a resistência à tracção. Se assim não fosse, o anzol “abria” ou seja, perdia o formato inicial, o que levaria à inevitável perda da captura.
O recurso a materiais mais resistentes, como o carbono, o tungsténio, titânio, inox, ou misturas entre estes elementos, permite obter uma maior ligeireza e capacidade de penetração, enquanto se mantêm a resitência à tracção. Outro processo para manter essa capacidade passa por "forjar" - que consiste em esmagar ligeiramente - a zona da curvatura, perfilando o metal para a ganhar resistência no sentido que nos interessa.
Desta forma, consegue-se um melhor desempenho dos dois binómios mais importantes, que determina a qualidade final do produto, que hoje reconhecemos no “velho” anzol que distraídamente aplicamos na ponta do fio.

Texto da minha autoria, publicado no Jornal "Correio da Manhã" de 22 Setembro de 2001