"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

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terça-feira, 16 de março de 2010

A Catch Magazine


Uma das revistas electrónicas ou e-zines, que me dá particular gozo visitar na Web, da qual sou subscritor e me identifico bastante, é a Catch Magazine, que conta já com décima edição saída neste mês de Março. Inteiramente gratuita, conta com a participações de variados correspondentes de várias partes do globo que têm em comum duas grandes paixões, que também eu tenho: a pesca à mosca e a imagem, seja em fotografia ou filme. Esta mescla de actividades dá origem a um espaço de soberbas fotos e vídeos de pesca, como não conheço em mais lugar algum, quer na web quer em papel impresso.
A espectacularidade das imagens que aqui encontramos, em que muito raramente se observa mais que um peixe capturado, é de facto um enorme contraste com algumas imagens que encontramos em diversos espaços pessoais de pesca, na net. Não percebo as fotografias de alcofas abarrotar e serapilheiras com peixes perfilados pela direita, como se estivessem em parada militar, na presença do pescador que empunha a cana, em pose de matador… Será que precisam de provar alguma coisa a alguém?
A Catch Magazine auto-intitula-se como o jornal oficial da pesca à pluma, fotografia e filme e apresenta-nos em cada número, vários cenários de pesca e alguns vídeos com possibilidade de visualização em HD - Alta Definição. Neste modo, convém que o acesso à net, seja com uma ligação ADSL de razoável velocidade para evitar paragens durante o visionamento do filme.
Por isso, recomendado! Para acesso directo clique aqui.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cenas de carpas à pluma

Como sabemos, há muitas maneiras de apanhar peixe.
Aqui ficam mais algumas cenas de pesca de carpas à pluma, ou como fazer saltar um peixe que habitualmente não salta quando ferrado… excepto quando pescado à pluma…

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

“Virar” um carreto de pluma


Por vezes, quando compramos um carreto de pesca à pluma, verificamos que este vem preparado para ser utilizado com a manivela para o lado direito. Em especial se vier dos Estados Unidos ou de Inglaterra, porque por esses lados pesca-se muito manivelando à direita.

E como sabemos, se está preparado para a esquerda ou para a direita?
É simples: pegando no carreto com a manivela para a esquerda, como habitualmente faz a esmagadora maioria dos pescadores portugueses, aperta-se um pouco a embraigem e manivela-se para enrolar fio. Se sentimos algum esforço ao manivelar, e para desenrolar a bobina esta roda solta, está “ao contrário”. Ou seja, para mãos direitas. Por outro lado, se ao enrolar, a bobina não oferecer resistência, e em sentido contrário se sentir resistência, está tudo bem e pode dar utilidade à nova máquina. Note-se que a resistência se deve à fricção da embraiagem.

“Virar” o carreto é normalmente bastante simples e passa sobretudo por inverter o sentido de algumas peças e na maioria dos casos apenas uma: o rolamento do anti-retrocesso, como é o caso apresentado.

Tirar a bobina e despertar a fixação do rolamento do anti-retrocesso.


Tirar o rolamento do anti-retrocesso, virá-lo 180 graus, colocando-o no mesmo local. Podemos aproveitar e lubrificar o dito rolamento com um pouco de óleo ou massa lubrificante fina.

Apertar a fixação do rolamento do anti-retrocesso. Instalar a bobina e no carreto, dando por concluída a operação.

Como disse, noutro tipo de carretos é possível que este procedimento envolva mais peças, mas o objectivo principal é de um modo geral, desmontar, mudar de posição no mesmo local e montar.
A maioria dos casos esta tarefa é intuitiva e nem requer ferramenta, pelo que trata-se de mais um assunto de bricolage de pesca!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Plumas leves e plumas pesadas


Entre o equipamento de pesca à pluma, mais dois grandes contrastes no meu equipamento:

Em cima, uma cana World Wide Sportsman, modelo Gold Cup de 8”, para linhas #12/14. Adequada a plumas pesadas para os grandes predadores de mar. Com esta, não é só preciso ter jeito, também precisamos de força.

Em baixo, uma cana Browning , modelo Black Canyon de 7,5” para linha #3. Óptima para pequenos ribeiros fechados, apresentações discretas e peixes mais pequenos. Um espectáculo com plumas secas...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como nasce um escaravelho…

Uma das plumas mais efectivas que usamos para a pesca de ciprinídeos, basicamente carpas e barbos e neste período do ano, é o escaravelho de espuma (foam, segundo a terminologia mosqueira).
Os que nós fazemos cá em casa são bastante simples e sobretudo baratos, uma vez que a espuma é obtida por corte em guilhotina (a de escritório serve perfeitamente) duns chinelos havaianos em promoção a 1€. Claro que escolhi o nº 45 por tem mais material…
Apesar da espuma só por si o fazer boiar, a aplicação do hackle facilita a flutuação, imita as patas do bicho quando visto da posição dos peixes e também o torna mais visível para o pescador.


Instalado o anzol no torno, faço uma camada de ida e volta de fibra de pavão, para dar na parte inferior da imitação, os reflexos metálicos que muitos escaravelhos possuem


Ata-se a tira de espuma, apertando bem


Vira-se a espuma para a argola do anzol a aperta-se com duas ou três voltas, para realizar o abdómen

Uma volta mais à frente repete-se, para concretizar o tórax do animal


E mais uma, para sugerir a cabeça



Umas voltas depois corta-se o excedente da espuma e aplica-se um pouco de cola cianocrilato



Meia volta atrás, prende-se o hackle


Cinco voltas de hackle depois prende-se a extremidade e corta-se o excedente



Finaliza-se o remate da linha e aplica-se mais um pouco de cola



E assim nasceu um escaravelho, que não passa de um conjunto de coisas intragáveis, mas que apanha peixes!

domingo, 11 de outubro de 2009

Nó Albright

O nó Albright é um dos nós mais conhecidos e sobretudo fundamentais em qualquer tipo de pesca. É utilizado para unir dois pedaços de linha, que podem ser do mesmo diâmetro, embora a sua particularidade seja o facto de poderem ser de diâmetros muito diferentes.
Tem aplicações tão diferentes que vão desde o spinning de mar, para unir o multifilar ao nylon do leader, ou na pesca à pluma para unir a cauda de rato ao terminal de nylon.






Aliás, foi-me extremamente útil numa recente jornada de carpas à pluma, particularmente azarada, em que até o terminal de ligação da cauda de rato se partiu, numa prisão num arbusto que estava atrás de mim.
Como a aplicação do terminal é trabalho de casa, feito com alguns requisitos como referi num texto passado, só me restou recorrer ao nó Albright para continuar a tentar pescar mais uns peixes.

Ainda assim, não me livrei duma valente tareia, por “não-sei-quantas/bué, a duas” proporcionada pelo meu filho, que ainda fez esta foto duma, com cerca de dois quilos.
Para esclarecer qualquer dúvida, há vídeos no You Tube bastante elucidativos, como por exemplo este, mais completo e com outro acabamento na parte final.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Captura incompleta...


Vídeo completo e sem cortes, duma cena de pesca gravada pelo Zé Pedro.
Carpa localizada, câmara fotográfica largada distraidamente em cima dum formigueiro, e lançamento.
Após a investida do peixe, a ferragem.
Durante a luta e numa tentativa de evitar a saída de mais linha do carreto – repare-se na flexão da cana, o peixe solta-se e o pescador perde o jogo.


Nesse jogo, porque houve mais jogos em que o pescador ganhou…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Pesca à mosca, mas radical…



Já há algum tempo que andávamos a pensar no assunto…
Uma deslocação a uma barragem no pais vizinho, aqui perto da fronteira, com uns barbos daqueles agressivos e doidos por lutar para não se deixarem apanhar.
A questão que mais me incomodava era a inclinação das margens, o terreno agreste e cheio de pedras afiadas, que numa queda, rapidamente traria consequências aborrecidas, em particular se estivéssemos longe do carro.


Mas como a ideia já fermentava há muito tempo, lá fomos, apesar do prometido vento da previsão meteorológica e eventualmente alguma chuva, até.
Uma primeira saída para a direita do local onde deixamos o carro, mais fácil de margens, não resultou em nenhuma captura, apesar de vermos alguns peixes de tamanho que só por isso nos faziam ficar nervosos.
Uma sandocha junto ao carro e nova saída, desta vez para o lado oposto, mais íngreme e de pedras soltas.
A determinado passo, o meu parceiro ferra um barbo que após uns segundos de luta, parte o terminal de 0.18 fluorcarbono, particularmente resistente que utilizamos.
-Devia ter uns três quilos… ouvi à distância, porque a minha caminhada é lenta e cautelosa, porque não tenho 18 anos…
Entretanto, vou tentando aproximar-me do meu jovem mosqueiro, que entretanto grita e diz que tem outro na linha.
-Bolas… importas-te de esperar por mim, ou não?
Este é mais pequeno, mas passa do quilo e meio. Não consigo, de onde estou, tirar-lhe fotografia nenhuma. Mas continuo a andar…
-Olha outro!… desta vez estou mais perto e conseguirei tirar umas fotos…Já que não pesco nada, pelo menos tiro fotografias…
-Epah… isso é tudo peixe ou está preso no fundo? Digo eu a brincar, enquanto vejo a frágil cana de linha #5 levada aos limites, com o peixe a não querer dar tréguas na luta.


A pouco e pouco, vem aproximando-se da margem, aparece finalmente ao cimo de água e exibe o seu tamanho totalmente. Deve ter uns dois quilos e meio seguramente…
É finalmente apanhado pelas mãos do meu filho, que o retira da água, com calma e com segurança, porque naturalmente vai regressar à barragem. Esgotado da guerreia, mas vivo.
Uma sessão de fotos e água com ele, onde desaparece para sempre. Ficamos-lhe grato por este pedaço de gozo que nos deu e devolvemos-lhe a vida, embora saia daqui cansado, mas vivo.


Nós também. Saímos cansados, com bolhas nos pés, exaustos e aborrecidos por o tempo não nos permitir enganar mais uns barbos. Daqueles… grandes e “garganeiros”… que não resistem a um monte de penas dispostas num anzol, de forma a imitar um lagostim de água doce que fazemos durante a semana, já pela noite dentro e cansados, também…

segunda-feira, 23 de março de 2009

Desta vez fomos ao Zêzere...



Embora conscientes que nada estava a nosso favor, decidimos ir pela primeira vez, pescar trutas ao Zêzere, lá para os lados do Sameiro. O dia estava luminoso e quente, confirmando a chegada oficial da Primavera uns dias antes, mas pouco favorável para pescar “pintonas”.
Saímos já tarde e fomos devagar, porque só assim se pode desfrutar de tudo, sem stress e sem a vontade de estar já junto à água para pescar logo às 5 da madrugada...
Para além disso, tínhamos convencido a mãe, ainda em período de convalescença após a cirurgia, a ir connosco, argumentando que era mais uma forma de preparar o seu regresso ao trabalho...
Não fazíamos ideia onde íamos pescar, porque desconhecíamos por completo a zona. Após uma volta de reconhecimento, entramos num dos acessos à água.
Vadeadoras vestidas, cana preparada e ainda eu não tinha fechado o carro já o ZP estava a fazer os primeiros lançamentos no meio do rio.
- Perdi mesmo agora uma pequena que se soltou, diz ele nervoso…
- O quê, já? É mau sinal…
Entramos um troço bastante largo, baixo e composto por calhaus grandes, eu do lado direito e ele do lado esquerdo do rio. Aqui podemos pescar à pluma sem grandes preocupações porque as arvores estão bem afastadas das margens, ao contrário das ribeiras onde pescamos mais vezes, que são completamente fechadas.
Mas nada de novo, ao fim de uns oitocentos metros de pesca. Entretanto, são horas de uma pausa para comer a sandes que vinha na mochila que a mãe carregava… Como sempre, o ZP nem come descansado e desaparece logo para a água.
Mas logo depois surge a dizer que perdera uma truta de bom tamanho. A mãos tremem-lhe e amaldiçoa o 0.14 que não resistiu ao arranque do peixe.
-Pai, era uma truta com uns trinta e cinco centímetros, tinha-a visto a comer á superfície e lancei. Atacou logo…
Brinquei com ele, para descontrair e disse-lhe que havia mais na água…
Eu recomeço numa pequena queda de água, desta vez com uma imitação de larva de tricóptero, bichos particularmente abundantes nestas águas. Ao acompanhar a linha na corrente, sinto um leve puxão e ferrei.
-Tenho umaaaa…. avisando a minha equipa. O peixe luta contra a corrente, volta ao remanso onde estava, volta à corrente e rende-se, após mais algumas voltas. Depois deixa-se apanhar pela minha mão que o aguarda já molhada, para que o contacto não lhe retire o muco protector, permitindo uma libertação com o máximo de probabilidades de sobrevivência…


- Epá, bonito peixe! - diz o ZP. E é de facto. Pena que ninguém os proteja e lhes suje a casa com tudo o que é mau para eles.
Duas fotos, anzol retirado com cuidado e aí vai ela outra vez para a água, até que se deixe enganar outra vez, o que espero piamente mais nunca aconteça… Assim fica no rio mais um exemplar reprodutor para que tente manter a sua espécie, apesar dos maus tratos que o Homem inflige diariamente ao seu habitat.
Minutos mais tarde o ZP captura uma pequenina com uma mosca seca, em imitação de tricóptero na fase alada, sendo este o último peixe que capturamos nesse dia, apesar de termos visitados vários locais durante a jornada.


Fica-nos também neste belo rio, a sensação do desperdício de recursos naturais a que está votado o nosso país. Há manifestamente muita falta de trutas nos nossos rios salmonídeos. Infelizmente e mais uma vez, o Estado a quem pagamos as nossas licenças de pesca, está-se nas tintas para as suas responsabilidades, deixando um património natural valioso e único, desaparecer de ano para ano.

E não há AFN, nem ICNB, nem SEPNA, nem treta de organismo nenhum que ponha termo a este delapidar duma espécie autóctone. Se os senhores do ICNB se preocupassem minimamente com as nossas espécies autóctones, em vez de se preocuparem em erradicar as exóticas interessantes - como o achigã, faria um trabalho valioso e estaríamos no caminho certo.
Curiosamente, nunca vi na minha vida um rio tão próximo da nascente, com tamanha quantidade de plásticos nas suas margens.

IMPRESSIONANTE, é a única palavra que me vem à cabeça… Não há um palmo de margem, que não tenha um pedaço de plástico, nos vários locais onde pescamos nesse dia. Alguns exemplos para ilustrar...


Onde andam os responsáveis por esta TAMANHA PORCARIA? Onde estão as entidades fiscalizadoras do ambiente?
Como é possível chegar-se a este ponto, no rio que alguns quilómetros a jusante abastece Lisboa ou seja, três milhões de pessoas?
Decididamente e feita a avaliação final, nada nos motiva a regressar…

segunda-feira, 16 de março de 2009

A união da "cauda de rato" ao terminal


Quando comecei a pescar à pluma há cerca de 10 anos atrás, tive uma enorme dificuldade em perceber de que forma se poderia unir a linha principal ou cauda de rato, ao terminal de nylon onde se empata o isco artificial.
A internet não era ainda tão acessível como hoje e além disso, não existia tanta informação na própria internet, precisamente por não ser tão acessível. Felizmente as coisas mudaram…
Este método, de todos os que conheço, parece-me ser o que tem a mais discreta apresentação no contacto com a água. Utiliza uns ligadores apropriados, que podem ser adquiridos nas lojas de venda artigos de pesca à pluma. O senão é a dificuldade em encontrar destas lojas no nosso país, sendo provável que tenhamos que recorrer às lojas on-line, porque ainda assim, estes adereços não estão muitas vezes disponíveis nas lojas nacionais.
Vamos precisar de um pedaço de lixa de grão 300 mais ou menos, tesoura e cola de cianocrilato, vulgo super cola, o ligador e uns quarenta centímetros de nylon grosso.
Em primeiro lugar, passo um pouco a lixa na linha para criar alguma rugosidade e facilitar a colagem. Este aspecto é de particular importância visto que, como se percebe, estas linhas são lisas para que os lançamentos sejam longos.


Depois insiro o ligador na linha, coloco um pouco de super cola e deixo secar, limpando o excesso com um pedaço de papel absorvente.


De seguida, faço uma laçada com nylon grosso e passo pela argola do ligador. A ideia é que sirva de guia para a inserção da manga de finalização do ligador.


Coloco o pedaço de manga, puxando pelo nylon guia e levando-o até ao final de forma a rematar o final do ligador, uma vez que este tem bastante tendência para se desfiar.



Dependendo da marca do ligador, esta manga por vezes é termorectrátil o que quer dizer que não é necessário o nylon para a colocar, porque tem um diâmetro bastante maior, sendo depois aquecida no local exacto com um isqueiro. Neste caso é de silicone, daí a necessidade do nylon porque é de diâmetro menor e por isso difícil de correr no terminal. Aplico mais um pouco de cola nesta zona e limpo o excesso.
A super cola deve ser utilizada com moderação, como por exemplo aplicada em “círculos” à volta da linha. Se for usada em grandes quantidades ao longo de todo o ligador, o extremo da linha perde flexibilidade, porque adquire a forma curvilínea quando está enrolado no carreto.

Bom trabalho!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dois quilos de carpa à pluma.

Este sábado, o sortudo da pesca voltou a fazer estragos nas carpas, enganadas com um monte de penas enroladas num anzol dos pequenos.

A maior ficou registada em fotos e pesou dois quilos na nossa balança.

- Epáh… parecia uma locomotiva sem vagões… dizia ele.

Foi libertada, como não podia deixar de ser.






quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A delicadeza contra a força

Por vezes, o gozo da pesca obtém-se pescando de forma muito diferente da habitual. Por vezes, mais vale apanhar um peixe, do que muitos...

O dia de Março estava soalheiro, quente até para época e convidativo para um passeio no rio. Preparei o material de pesca ao achigã, embora o meu objectivo nesse dia fosse realmente outro. Se as condições o permitissem iria tentar capturar um barbo ou uma carpa, com o equipamento de pesca à pluma.
Quando o tempo está calmo, com pouco vento e os dias começam a aquecer é frequente ver nos nossos rios, carpas e barbos de respeito, passeando calmamente junto à superfície em busca de algum insecto caído na água.
Assim, é teoricamente possível pescar estes peixes quase da mesma forma que se pescam as trutas, ou seja com imitações de insectos confeccionados por nós, quer flutuem à superfície ou afundem lentamente.
Comecei por procurar nos pequenos recantos abrigados da ligeira brisa desse dia, sinais das movimentações dos ciprinídeos. Com efeito, num deles havia várias carpas mais pequenas em cardume e uma ou outra solitária de tamanho apreciável, patrulhando a superfície.

Embora tivesse no barco uma cana de pluma de linha #8 que uso para os achigãs e é mais poderosa, optei pela das trutas, de linha #5 e por isso mais ligeira, pela maior discrição na apresentação do isco ao peixe. Assim era possível a queda da pluma na água, sem assustar as carpas que vagueavam a dez centímetros da superfície
Empatei no terminal de 0.14mm, uma ninfa de cabeça dourada em anzol nº 16. Trata-se da imitação de um insecto que passa uma parte da sua vida na água e que depois sobe à superfície para passar à fase alada.
A carpa à qual dirigi o primeiro lançamento passou ao lado do isco sem sequer lhe dispensar atenção. Algumas das seguintes, não reagiam ou mudavam de direcção. Outras ainda, dirigiam-se ao isco mas no último instante recusavam-no, desviando-se.
Estas que se dirigiam ao isco e se desviavam no último instante, tinham a particularidade de me acelerar descontroladamente o ritmo do coração, tornando esta pesca pouco recomendável a cardíacos. E se elas eram grandes...
Apesar de tentar manter alguma esperança, uma vez que algumas se interessavam pelo isco, confesso que estava já com alguma falta de fé...
Nisto, detecto mais uma potencial captura que vinha na minha direcção, nadando paralelamente à margem. Faço o lançamento e puxo ligeiramente o fio para que a imitação se posicione quase à sua frente, caindo lentamente para não a assustar. O peixe direcciona-se para o isco e suga-o de imediato. Ferro instantaneamente. O peixe dispara numa corrida quase à tona e uma dezena de metros depois, efectua um enorme salto fora de água como se fosse um achigã!!!
Eiaaaa…incrível, uma carpa a saltar durante o combate... E é enorme!... digo atabalhoadamente enquanto tento dominar minimamente a situação.
Nisto, o peixe inicia uma corrida fortíssima em direcção ao meio do rio, afundando sempre e levando quase toda a “cauda de rato” que tenho no rudimentar carreto. Volta e mais volta, dá linha, recupera linha...
Quarenta minutos depois de ferrada, o Zé Pedro consegue finalmente içá-la no camaroeiro para dentro do barco. É bem grande, e uma pequena proeza para mim que sempre quis pescar desta forma muito especial, mas que dá um enorme prazer pelo que exige de nós. E uma carpa deste tamanho é um digno adversário para um equipamento tão frágil.

O nylon onde atei a pluma tinha segundo o fabricante uma resistência de 2.300Kg, sem nós, o que não era obviamente o caso. A carpa pesou na minha balança digital 3.400 kg, sendo após a sessão de fotografias, devolvida de imediato à água pelo Zé Pedro.

O que é que mais eu podia oferecer a este peixe, que me proporcionou quarenta minutos de adrenalina, senão a vida?

Texto da minha autoria, publicado no jornal "Correio da Manhã" de 26 de Maio de 2002
P.S. - Lamento a qualidade das fotos mas são "AD" -Antes do Digital!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Formiga Alada de 2 componentes


Aos primeiros raios de sol e após estas primeiras chuvadas de Outono que já ocorrem por todo o país, várias espécies de formigas aladas surgem a esvoaçar pelo campo. Vão proporcionar alimento a muitos animais que aproveitam o banquete há muito esperado, antes do difícil período do Inverno, em que quase não há insectos. Os peixes, nomeadamente os ciprinideos, não fogem à regra e tal como répteis, pássaros e até mamíferos, aproveitam tanto quanto podem esta breve fonte de proteínas.
É por isso a altura ideal para a pesca dos ciprinideos à pluma, com as imitações da conhecida formiga de asa ou agúdia, mas sem asas...
Aqui fica a minha versão de formiga, que como sou adepto da simplicidade, usa apenas além do anzol, dois componentes: Fio de montagem multifilar 3/0 de cor preta para corpos e uma pena de hackle, também preta.
O anzol pode ser de qualquer marca, desde que seja fino, entre os nºs 14 e 16 para mosca seca.

Depois de o prender o anzol no torno, preenche-se o corpo com fio de montagem desde o olhal até à curvatura, aproveitando a ponta do fio para fazer várias dobragens junto a esta e assim começar a dar mais volume ao futuro corpo.

Fazem-se várias voltas sobrepostas para construir o abdómen, com o objectivo de imitar o da formiga.

Coloca-se o hackle, dando uma volta com fio de montagem para segurar a ponta e aplica-se um pouco de cola de cianocrilato, para dar resistência à união.



Fazem-se quatro voltas com o hackle e prende-se novamente o extremo com o fio de montagem.



Dobram-se os pêlos do hackle para trás com os dedos para facilitar a construção da cabeça, conseguida também com várias voltas do fio.
Depois, ata-se com o nó e fixa-se com mais um pouco de cola de cianocrilato, para rematar.
Está feita a nossa formiga de asa, mas sem asas.

É exactamente por isso que as formigas caem na água, visto que perdem as asas naturalmente após algum tempo de voo…
Os barbos e as carpas e são os peixes mais gulosos por formigas e também mais interessantes para a pesca à pluma. No entanto as bogas, as percas, os escalos e bordalos e outros ainda, são também potenciais presas para a nossa simples formiga sem asas.