
Se por ventura isso de pedir coisas ao Pai Natal funcionar, pedia de um modo geral que nos desse a todos, saúde, sorte e trabalho.
Tudo o resto viria por acréscimo…
Pesca Desportiva, Natureza, Actualidade e alguma Fotografia...
- Pesca-se no defeso, com a passividade daqueles a quem pagamos o ordenado para fazerem o que não fazem. Há pescadores de competição embarcada ao achigã que se gabam nos fóruns de pescar no defeso... Se isto não fosse o país que é… mas os bons exemplos chegam-nos de cima. Cada um faz a lei à sua maneira e a fiscalização é inexistente.
- Há quem faça negócios com a venda de achigãs descaradamente em pleno defeso, vendidos ao desbarato de oito euros o quilo, nas margens do Cabril. Apetece dizer: - Oh da Guarda…!
Porque tem que ser assim? O nosso país está a saque? É o salve-se quem puder, mesmo destruindo um património que é de todos? Faz lembrar uma empresa falida que deve ordenados, e onde cada um rouba por onde pode.
Em conversa de loja de pesca, parece que o problema é generalizado, Alqueva incluído.
O mar alentejano que parecia de recursos infinitos, está arrasado. Nada que eu não tivesse adivinhado, escrevi-o várias vezes. Que raio de vida...
Valeu o almoço de grelhada mista com a familia e o facto de a grelha propriamente dita ter ficado em casa, que originou grandes doses de improviso e não nos impediu de almoçar e partilhar o momento. Apesar de tudo, vale sempre a pena ir à pesca...
Este peixe tem preferência pelos troços médios e inferiores dos rios e vive quase sempre junto ao fundo (bentónico) embora seja usual capturar insectos à superfície. Prefere zonas com pouca ou moderada velocidade de corrente, excepto na época de reprodução em que sobem os cursos de água transpondo os obstáculos com saltos espectaculares.
O barbo comum tem preferência por troços mais profundos, com mais oxigénio e substrato fino. Os juvenis ocorrem em zonas com alguma profundidade, próximas da margem e sem corrente, evitando habitats com muita cobertura arbórea.
Alimentação:
O barbo comum apresenta uma alimentação generalista e oportunista. Alimenta-se principalmente de material vegetal (plantas e algas filamentosas) e larvas de insectos aquáticos. Dentro os insectos aquáticos incluem-se as larvas de dípteros, plecópteros, coleópteros, hemípteros, moluscos e tricópteros. Ocasionalmente ingere areia, cladóceros, insectos terrestres e sementes. Os peixes de maiores dimensões alimentam-se mais alimentos vivos, incluindo lagostins e outros peixes, acabando por se tornar predadores de topo.
Porque é bastante exigente com a qualidade da água, encontra-se em declínio em algumas bacias. A construção de barragens tem levado à destruição de zonas de postura e perda de habitat. Aumento da regularização e extracção de água durante o verão. A extracção de inertes leva ao aumento da turbidez e consequente destruição das zonas de postura. A descarga de efluentes e o aumento da poluição têm sido apontados também como causas do declínio.
A pesca
O barbo pode pescar-se de quase todas as formas: à bóia, ao fundo e até com as amostras dedicadas aos achigãs, em algumas albufeiras em que se tornam particularmente agressivos e, boa parte devido à competição pelo alimento.
Na modalidade de pesca à pluma, com imitações de insectos e pequenos lagostins, torna-se um peixe especialmente interessante sob o ponto de vista desportivo, devido aos seus arranques poderosos e luta interminável, testando os limites do material e da astúcia do pescador.
Por algum motivo é considerado o bonefish português pelos pescadores de pluma…
Fonte: Carta Piscícola Nacional e adaptado.
Anzol de farpas, vulgarmente utilizado para iscos naturais
Depois de cortar a farpa, retirar o anzol, puxando em sentido contrário
A técnica de avanço, corte e retrocesso é mais indicada quando o anzol está próximo da superfície da pele, já no sentido da saída da mesma.
O objectivo é aceder à farpa do anzol – pode ser necessário prosseguir com a penetração! – cortar o anzol após a mesma com o alicate de corte e retirar o anzol no sentido contrário ao da sua entrada.
Em anzóis espetados profundamente pode ser necessário fazer avançar o mesmo para aceder à farpa
Como em todos os métodos referidos, estas operações devem ser efectuadas com destreza e rapidez de forma a diminuir o stress da vítima.
Técnica de Corte e Avanço do Anzol
Relativamente parecida com a técnica anterior, também exige a utilização de um alicate de corte adequado. Neste caso a parte do anzol que se deve cortar é a argola ou patilha de empate, consoante o tipo que o anzol em causa disponha.
Depois do corte, fazer avançar o anzol, puxando-o pela parte já exposta do bico
Este método é particularmente adequado quando o anzol possuiu farpas múltiplas e estas estejam enterradas. Estes anzóis são bastante utilizados na pesca com iscos naturais - vermes, com o objectivo de segurar com mais eficácia o isco o corpo do anzol.
Passa assim por ser o método alternativo ao anterior, empregado quando não é possível retroceder o movimento do anzol, caso as farpas adicionais tenham penetrado na vítima.
Depois de cortado o dispositivo de empate (argola, olhal ou patilha) faz-se avançar o anzol de forma a poder ser retirado, por exemplo, com a ajuda do mesmo alicate, sem no entanto o cortar.
Em caso de penetrações profundas ou anzóis com farpas, não é aconselhável puxar para trás, pelo que esté método é o recomendado
Conclusão
Estas intervenções, apesar da aparente facilidade de execução, não são fáceis de realizar. Os intervenientes devem estar conscientes de que há necessidade de algum à-vontade e até algum sangue-frio, para que sejam bem sucedidas. Recorrer aos cuidados dos profissionais de saúde deve por isso ser – reforço a ideia – obrigatório sempre que nos assalte qualquer dúvida de como proceder ou se a vítima não apresentar serenidade que permita que qualquer uma destas técnicas seja realizada no local onde ocorreu.
É que pode até acontecer em casa, quando preparamos baixadas, estralhos, terminais ou substituímos anzóis triplos e afins!
Recomendações
Tipos de anzol
Existem inúmeros tipos de anzóis, concebidos para as mais diversas modalidades de pesca. O seu formato deve ser considerado, quando precisamos de os remover de um local em que se espetou acidentalmente.
Os anzóis triplos
No caso de anzóis triplos e múltiplas penetrações, a tarefa poderá ficar mais facilitada se separar cada anzol espetado, retirando-os um a um e utilizando depois a técnica mais adequada a cada um. No entanto, se estiver apenas um dos anzóis envolvido, poderá ser mais fácil manusear o conjunto, se utilizar as técnicas da linha de pesca e do avanço, corte e retrocesso. Ainda assim, vale a pena eliminar os bicos e farpas dos restantes que não estejam cravados, evitando assim novas picadas acidentais, quer ao paciente quer a quem o tenta ajudar.
O anzol triplo deve merecer uma atenção especial
Kit de emergência
Por uma questão de precaução, tenho no meu barco, aquilo que considero o Kit de Emergência para estas ocasiões:
- Um alicate de corte - capaz de decepar anzóis 5/0 de mar, um spray anestesiante, bisturis em embalagens individuais esterilizadas, algumas comprensas, soro fisiológico para limpeza de feridas, desinfectante tipo Betadine, algodão em rama e pensos de vários tamanhos.
Considere que o gelo ou os acumuladores térmicos de frio da nossa geleira, quando disponíveis, podem servir em caso de necessidade, como um anestesiante de recurso.
Kit de emergência para anzóis espetados acidentalmente
Cuidados adicionais
Normalmente, nestes casos em que procedemos à remoção dum anzol, não é necessário recorrer à administração de antibióticos, mas como sabemos, qualquer cidadão deve ter a vacinação anti-tetânica em dia, que recordo, deve ser administrada de dez em dez anos, até ao fim das nossas vidas.
Ainda assim, depois de qualquer intervenção deste género, deve-se quanto antes proceder à desinfecção do ferimento com qualquer produto do género Betadine, mantendo a terapêutica e os necessários cuidados de verificação até à cicatrização da ferida.
Texto da minha autoria e publicado na revista Mundo da Pesca, Especial Mar 2009
Puxar na direcção oposta. Com anzóis pequenos, pode-se usar um pedaço de fio para atar na curvatura
A remoção deve ser decidida mas cuidadosa, sendo conveniente um prévio cálculo mental da manobra. Se for detectada alguma resistência durante a remoção e esta estiver a decorrer numa região em que possam existir tendões, a intervenção deverá ser interrompida de imediato e considerado recurso a outra técnica ou mesmo intervenção hospitalar.
Este método deve ser utilizado com precauções adicionais se o anzol de encontrar localizado em determinados pontos críticos, por motivos óbvios. Assim, no caso dos lóbulos das orelhas, extremidade do nariz ou qualquer outra parte do corpo mais sensível e que não esteja solidamente fixa ao corpo, poderão em situações limite, ocorrer lesões adicionais se o anzol for grande e puxado com demasiada impetuosidade. Quando se utiliza esta técnica na variante auxiliada por um pedaço de linha de pesca para facilitar a tracção do anzol, deve ter-se o cuidado de alertar os presentes para a possibilidade deste sair de forma brusca, podendo em casos extremos, ferir alguém mais desprevenido.
Segundo os especialistas, esta técnica é a menos invasiva porque produz menos traumatismos nos tecidos para além dos que já existem e pode ser usada mesmo sem qualquer ferramenta adicional que facilite a remoção de anzóis.
2 - Técnica da linha de pesca, para anular a barbela.
Esta técnica é utilizada em ocorrências em que anzol possui a farpa exposta ou quando se encontra quase nessa condição. Se estivermos em presença da última hipótese, há necessidade de prosseguir com a penetração – tarefa que não é facilmente exequível por pessoas mais impressionáveis, de maneira a que esta fique efectivamente exposta. É um método adequado em zonas de pele e/ou músculo e que não deve ser utilizado em locais delicados e/ou com tendões ou nervos de qualquer espécie.
Depois de colocar a laçada de nylon, puxar o anzol para trás, retirando depois o nylon
Com a farpa exposta deve cortar-se um pouco de linha de pesca – nylon de preferência, de diâmetro aproximado ao tamanho do relevo da barbela. De seguida e dobrando a linha precisamente no local da barbela deve proceder-se à remoção do anzol, puxando no sentido contrário ao da penetração.
O objectivo é que o nylon dobrado na farpa, anule o efeito desta. Depois do anzol afastado, retira-se rapidamente o nylon em sentido contrário. Já vi o recurso a esta técnica pelo pescador profissional americano Hank Parker. Enquanto rodava um vídeo de pesca ao achigã, acidentalmente espetou um anzol num braço, aproveitando para fazer esta demonstração, que certamente não estava prevista no guião do filme. A gravação prosseguiu, enquanto ele removeu o anzol com algum à-vontade, retomando a pesca logo após este percalço!
Esta técnica é a indicada se não possuirmos no local qualquer ferramenta capaz de cortar o anzol e remover a farpa. Se tal for possível – cortar o anzol pela farpa, é preferível o recurso à técnica seguinte.
(Continua...)
Texto da minha autoria e publicado na revista Mundo da Pesca, Especial Mar 2009