"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Pesca à mosca, mas radical…



Já há algum tempo que andávamos a pensar no assunto…
Uma deslocação a uma barragem no pais vizinho, aqui perto da fronteira, com uns barbos daqueles agressivos e doidos por lutar para não se deixarem apanhar.
A questão que mais me incomodava era a inclinação das margens, o terreno agreste e cheio de pedras afiadas, que numa queda, rapidamente traria consequências aborrecidas, em particular se estivéssemos longe do carro.


Mas como a ideia já fermentava há muito tempo, lá fomos, apesar do prometido vento da previsão meteorológica e eventualmente alguma chuva, até.
Uma primeira saída para a direita do local onde deixamos o carro, mais fácil de margens, não resultou em nenhuma captura, apesar de vermos alguns peixes de tamanho que só por isso nos faziam ficar nervosos.
Uma sandocha junto ao carro e nova saída, desta vez para o lado oposto, mais íngreme e de pedras soltas.
A determinado passo, o meu parceiro ferra um barbo que após uns segundos de luta, parte o terminal de 0.18 fluorcarbono, particularmente resistente que utilizamos.
-Devia ter uns três quilos… ouvi à distância, porque a minha caminhada é lenta e cautelosa, porque não tenho 18 anos…
Entretanto, vou tentando aproximar-me do meu jovem mosqueiro, que entretanto grita e diz que tem outro na linha.
-Bolas… importas-te de esperar por mim, ou não?
Este é mais pequeno, mas passa do quilo e meio. Não consigo, de onde estou, tirar-lhe fotografia nenhuma. Mas continuo a andar…
-Olha outro!… desta vez estou mais perto e conseguirei tirar umas fotos…Já que não pesco nada, pelo menos tiro fotografias…
-Epah… isso é tudo peixe ou está preso no fundo? Digo eu a brincar, enquanto vejo a frágil cana de linha #5 levada aos limites, com o peixe a não querer dar tréguas na luta.


A pouco e pouco, vem aproximando-se da margem, aparece finalmente ao cimo de água e exibe o seu tamanho totalmente. Deve ter uns dois quilos e meio seguramente…
É finalmente apanhado pelas mãos do meu filho, que o retira da água, com calma e com segurança, porque naturalmente vai regressar à barragem. Esgotado da guerreia, mas vivo.
Uma sessão de fotos e água com ele, onde desaparece para sempre. Ficamos-lhe grato por este pedaço de gozo que nos deu e devolvemos-lhe a vida, embora saia daqui cansado, mas vivo.


Nós também. Saímos cansados, com bolhas nos pés, exaustos e aborrecidos por o tempo não nos permitir enganar mais uns barbos. Daqueles… grandes e “garganeiros”… que não resistem a um monte de penas dispostas num anzol, de forma a imitar um lagostim de água doce que fazemos durante a semana, já pela noite dentro e cansados, também…

3 comentários:

Fenix disse...

Parabéns aos dois.
Ao filho pela pescaria e ao pai pelas fotos.
Estão óptimas!

Beijinhos
São

junior disse...

Uau!! De tirar o folego, querido amigo, parabéns aos 2.
Quando leio que só o tamanho dos peixes já deixa mosqueiros nervosos, fico nervoso também. rsss
Abraços

José Gomes Torres disse...

Obrigado Fenix!
Sim eu fico limitado a tirar fotos, o que já não é mau...
Bjinhos, São!

Junior, estes peixes levam bastante linha logo na primeira tirada e convém não ter o fio embaraçado no carreto porque parte de imediato e nem dá tempo para nada...
São considerados pelos plumeiros, o bonefish europeu!
Abraço, Junior!