Aproveitando umas horas de disponibilidade à tarde, rumei a um dos nossos regatos favoritos e secretos que só tínhamos visitado sem muito sucesso nas últimas saídas de trutas.
Como chegamos à conclusão que nos rios de maior dimensão, nos limitamos a passear e avaliar o deplorável estado em que se encontram estes recursos naturais, seria talvez tempo de tentar águas mais pequenas, mais limpas e menos poluídas e supostamente menos pressionadas pela pesca.
Com estas linhas de água são de pequeno caudal, são bastante arborizadas sobretudo por amieiros, cuja copa forma um túnel impedindo ou limitando drasticamente a pesca à pluma o que me levou a recorrer ao spinning ultra ligeiro, uma vez que não embarco em fundamentalismos patéticos. Cana Precision Spin da Vega, com apenas 1,35 e um micro carreto Vega Lupo, carregado com 0.20 de nylon Megaline e está a ferramenta pronta. Depois de uma pequena incursão no local habitual, com apenas duas capturas pequenas mas endiabradas, decidi visitar o diminuto ribeiro mais à frente, onde nunca tínhamos pescado.
O dia chegava depressa ao fim, e a conversa com um senhor que ia a passar de tractor, que tinha perdido as cabras que apascentava, tinha um moinho no ribeiro já ali e fez questão de o ir mostrar, atrasou-me um bocado o inicio do novo raid. Certamente não teria muitas oportunidades de mostrar a sua obra-prima e eu, honesto apreciador da habilidade de pessoas que do nada ou quase, consegue fazer muito, não me fiz rogado e saquei de imediato da máquina dos retratos.
De facto é impressionante o engenho das pessoas, que reutilizam uma tampa de esmalte dum fogão velho e fazem um registo para regular a água para o moinho, de pneus velhos sobrepostos e espaçados fazem degraus para a serra, dum pedaço de arame retorcido fazem um actuador para fechar a água, e cumulo dos cúmulos inventam um sistema tosco mas funcional que pára individualmente as mós, quando se acaba o grão para moer no alimentador!
Mas a água chamava-me… prometi que se visse as cabras as traria de volta e lá me fui pisgando enquanto me despedia, "até um dia destes…"
Mais uma pequena truta capturada e lutadora, uma perseguição furiosa quase até fora de água, mas todas pequenas também. Foi retirada do anzol sem danos de maior, cuja barbela é sempre esmagada e libertadas para crescerem mais e se lembrarem que nunca se devem atirar furiosamente a tudo o que brilha na água.
3 comentários:
É legal demais quando encontramos com essas pessoas tão criativas, não é mesmo amigo Gomes? A foto estava pequena, mas pela descrição que fez deu pra perceber a criatividade.
Parabéns pela pescaria, que parece ter te proporcionado bons momentos, gosto mais de rios pequenos assim. Eu tenho uma cana de spin, mas quase nunca a uso pois gosto muito mesmo da pesca com mosca, apesar de que como você, não faria objeção em usá-la se fizesse necessário.
Um grande abraço
Olá Junior
Sim de facto, a pesca à pluma é um patamar que muitos nunca vão alcançar. No entanto, existem condições que não permitem essa pesca e por isso não vale a pena ser teimoso porque nestas condições seria maior o sofrimento e perca de material do que qualquer gozo que se podesse obter da pesca.
Um forte abraço!
Gostei bastante do seu texto, aproveito para dizer que conheço o local é uma curso de agua muito bonito só é pena é as trutas não serem muito grandes e relativamente poucas, mas é sempre um prazer pescar aí. E como o Senhor eu também já visitei esse moinho.
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