"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Para recordar...

Se há dias de pesca para recordar, este foi um deles. De tal forma, que ainda hoje me vem à ideia com doentia frequência...
A saída para a pesca estava atrasada, porque desgraçadamente o nosso barco, quando lá chegamos, estava em seco graças de uma mudança repentina no vento que o deixou virado para terra, enquanto a maré vazava…
Mas as férias não são para nos chatearmos com nada e não seria isso que nos ia estragar o dia de pesca.
Arrumamos o material, instalamos as electrónicas, preparamos as canas, arrumamos os cabos e tiramos umas fotos, enquanto a água da enchente chegava calmamente à proa do Ranger.
Uns empurrões, e aí está ele a flutuar. Rapidamente o motor é posto a aquecer enquanto saímos devagar por entre os restantes barcos ainda adormecidos na madrugada . Mais um minuto ao ralenti e depois, aumento progressivamente a velocidade porque os robalos estão à nossa espera, sem imaginar que nesse dia, vários estavam mesmo à nossa espera…
Chegados, faço o primeiro lançamento com uma passeante, uma das minha amostras preferidas para os achigãs, que uso quase há duas décadas, muito antes da recente febre do spinning de mar as ter tornado populares na pesca dos robalos.
Alguns lançamentos depois e o primeiro ataque surgiu, concretizado num robalo com cerca de um quilo e quatrocentas.
Mais ataques, mais peixes, mais falhanços, mais vezes ouvimos mutuamente “-Tenho um!!!” numa verdadeira cascata de adrenalina que não nos deixava descansar um instante.


Eles, nesse dia estavam lá e estavam a comer, disso não havia duvida e nós aproveitamos o frenesim. Em cerca de uma hora, pescamos dez peixes, com mais de um quilo e duzentas, tendo o maior pesado dois quilos e oitocentas.


Como pescadores conscientes e ao contrário do que vemos em muitas fotos um pouco por todo o lado, não sacrificamos todos os que pescamos e nesse dia libertamos cinco dos dez robalos capturados. Apesar de neste ano, apenas termos tido oportunidade de pescar desta forma, cerca de dez dias… Afinal, não somos nós os interessados em manter esta espécie?
Algumas libertações foram documentadas como a que já publiquei neste post, outras não houve tempo ou os peixes ficaram mal enquadrados porque não me estava a apetecer meter a cabeça dentro de água - visto que a máquina é submersível - para fazer o devido enquadramento ….
Foi um dia para recordar, não só pelos robalos que nos permitiram a sua captura mas também aos que - por via do destino - nos foi permitida a sua libertação.
Infelizmente a ganância de muitos pescadores desportivos, ou dito de outra forma, apanhadores de peixe para vender, irá rapidamente acabar com estes dias para recordar…
A esses, brevemente só lhes vai restar ficar a olhar para o material e pensar que esteve nas suas mãos, a continuação dos dias de abundância.

3 comentários:

Anónimo disse...

Se duvida, amigo Gomes, dias assim são para gravar bem na memória.
Mas também é para refletir o fato de que, seja no Brasil ou do outro lado do atlântico, sente-se a ameaça de não termos mais nossos peixes para pescar, devido a ganância do homem, uma pena.
Um grande abraço e uma ótima semana pra ti

Anónimo disse...

Belos peixes.

Parabéns e muito obrigado pela atitude...!

Cumprimentos
Sérgio

José Gomes Torres disse...

Olá amigos!
Pois é! Dias assim são para gravar na memória.
Sérgio, a atitude está ao alcanse de todos nós e qualquer um a pode praticar.
Uma coisa é certa, quando mais recursos retirarmos do mar, menos lá fica.
Infelizmente, há muita gente bem informada, que se está "nas tintas" para isto e tira partido dum lucro fácil, com um recurso que é de todos.
Abraço a todos!