A truta comum é o peixe autóctone mais selvagem, desconfiado e lutador das nossas águas interiores. Em início de temporada, vale a pena espreitar a forma de as tentar, que mais tradição tem por esse mundo fora...
Pegar num pequeníssimo anzol nº 18, num monte de penas de aves e fazer uma montagem que consiga convencer uma truta que está a ver um insecto... é obra! É realmente o que se passa quando pescamos à pluma ou vulgarmente dito, “à mosca”.
Esta é uma pesca realmente diferente em todos os aspectos e para muitos o máximo estado de graça que alguém pode atingir na pesca de trutas. No entanto, é virtualmente possível pescar qualquer tipo de peixe com esta técnica e com as devidas adaptações: barbos, carpas, bogas, achigãs, lúcios e no mar as tainhas, cavalas, agulhas, carapaus, atuns, robalos, anchovas, etc…
As canas para pescar trutas possuem entre sete e nove pés ou seja respectivamente dois metros e dez e dois metros e setenta. São bastante finas e flexíveis, existindo no entanto de vários tipos de acção. Os passadores do fio são reduzidos à mínima expressão, um pequeno pedaço de arame retorcido e aplicado na cana. O punho obrigatoriamente de cortiça, tem no extremo oposto ao da cana, o porta carretos.
Os carretos são mais um elemento de extrema simplicidade. Não possuem desmultiplicação e alguns, nem sequer embraiagem. Pretende-se o máximo de leveza e funcionalidade, servindo apenas de armazém para as trinta jardas de fio, cerca de vinte e sete metros, tamanho normalizado para esta pesca.
O fio especial e conhecido por cauda de rato é o verdadeiro responsável por projectar os iscos praticamente sem peso, a uma ou duas dezenas de metros. Este fio que pode ser de vários tipos tendo em conta a distância e o tipo de pesca, possui acoplado baixo de linha, onde se liga o isco e é constituído por um fio de nylon de diâmetro decrescente, cujo papel é o de manter a transmissão da energia do fio até ao isco e proporcionar uma apresentação mais discreta, permitindo um poisar suave e natural da pluma.
As os iscos representando insectos que vivem no rio e que servem de alimento às trutas que aí habitam, são normalmente imitados com minuciosas e pacientes montagens efectuadas com penas de uma infinidade de aves, pêlos de animais, ráfia, nylon, fio de cobre e/ou chumbo e cada vez mais materiais sintéticos.
Em cima, imitação de ninfa de tricóptero e em baixo, o mesmo insecto na fase alada
Fazem parte do dialecto de montagem: orelha de lebre, rabo de pato (cul de cannard ou CDC), pescoço de galo, pena de cauda de faisão, fios de lã, pena de pavão, linha de seda, pena de marabu, etc., uma verdadeira macedónia de matérias primas, que passo a passo, dão origem á imitação quase perfeita do insecto que irá trair a truta.
Lançar a uma distância suficiente longa para que a trutas não nos detectem, num rio de águas límpidas, com um isco sem peso, não se afigura à partida tarefa muito fácil. O papel principal de impulsionador deste isco artificial até ao local desejado, pertence à cauda de rato. Este fio deve estar em perfeita harmonia com a cana, sendo também esta elemento importante no desempenho do lançamento. Por exemplo, para uma cana número cinco (#5) é de todo recomendável que se use uma linha cinco, sob o risco de o conjunto não funcionar optimizado.
Assim, este lançamento é efectuado à custa do peso da cauda de rato que se faz voar em falsos lançamentos que permitem o distender da linha, antes da finalização, em que todo o conjunto cai suavemente na água. Esta técnica exige algum treino que convém ser feito junto à água e num espaço desprovido de obstáculos nas proximidades. O melhor para o principiante é descobrir alguém que o auxilie nos primeiros passos, tornando-se depois o progresso muito mais fácil.
Lançar bem, é pois a verdadeira essência da pesca à pluma, como referiu um dos mestres desta apaixonante modalidade!
Lançar a uma distância suficiente longa para que a trutas não nos detectem, num rio de águas límpidas, com um isco sem peso, não se afigura à partida tarefa muito fácil. O papel principal de impulsionador deste isco artificial até ao local desejado, pertence à cauda de rato. Este fio deve estar em perfeita harmonia com a cana, sendo também esta elemento importante no desempenho do lançamento. Por exemplo, para uma cana número cinco (#5) é de todo recomendável que se use uma linha cinco, sob o risco de o conjunto não funcionar optimizado.
Assim, este lançamento é efectuado à custa do peso da cauda de rato que se faz voar em falsos lançamentos que permitem o distender da linha, antes da finalização, em que todo o conjunto cai suavemente na água. Esta técnica exige algum treino que convém ser feito junto à água e num espaço desprovido de obstáculos nas proximidades. O melhor para o principiante é descobrir alguém que o auxilie nos primeiros passos, tornando-se depois o progresso muito mais fácil.
Lançar bem, é pois a verdadeira essência da pesca à pluma, como referiu um dos mestres desta apaixonante modalidade!
Texto da minha autoria, publicado no Correio da Manhã de 17 de Março de 2002
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