"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

domingo, 13 de dezembro de 2009

A sonda na pesca e náutica


A sonda é um dispositivo cada vez mais comum nas embarcações, quer estas sejam de pesca ou de passeio, mas que ainda deixa com dúvidas muitas pessoas que consideram a sua aquisição, funcionamento e utilidade.

Uma sonda que vulgarmente utilizamos na náutica de recreio e pesca é constituída por uma unidade central, que possuiu também o display de cristais líquidos e cérebro do sistema, e um transdutor. O princípio de funcionamento é bastante simples e baseado no conceito vulgarmente conhecido por sonar, utilizado há muito nos submarinos. Embora o transdutor seja uma peça apenas, é construído internamente por dois elementos, o emissor e o receptor de sinal. A unidade central produz um impulso eléctrico que envia ao transdutor pelo cabo condutor. Aqui o elemento emissor converte o impulso numa onda sonora, que é propagada facilmente pela água, graças às excelentes características dos líquidos na propagação de sons. Quando esta onda sonora em forma de feixe atinge qualquer objecto, é de imediato reflectida – o eco, regressando ao receptor do transdutor onde irá ser convertida em novo impulso eléctrico e devolvida à unidade central. Esta unidade trata o sinal e com base numa sequência constante de impulsos enviados e recebidos em pouco tempo, cria uma imagem representativa dos objectos e fundos que foram atingidos pelo feixe e devolvidos pelo seu eco. Para determinar as distâncias a que se encontram os objectos reflectidos, é utilizada a velocidade de propagação na água, previamente conhecida e constante, tendo em conta o tempo decorrido entre a emissão dos impulsos e a sua recepção pelo receptor do transdutor. Por isso é que a maioria das sondas actuais permite a escolha dos dois tipos de água, doce ou salgada, porque a velocidade de propagação é ligeiramente diferente devido às densidades específicas, diferente nos dois tipos de água.


Transdutor (fonte www.humminbird.com)


Claro está que potencialmente qualquer objecto encontrado em suspensão e reflectido, será considerado um peixe, quer seja um cágado, uma rã ou um pedaço de madeira. As sondas mais modernas podem representar os arcos dos objectos que correspondem justamente á área de reflexão, sendo neste caso possível com alguma experiência do operador, distinguir os diferentes alvos atingidos.

Colocação do transdutor

Se a colocação da unidade central não acarreta grandes complicações no desempenho do sistema, o mesmo já não se pode dizer quanto ao transdutor, considerando as formas mais comuns.

Uma é no interior do casco da embarcação, colado directamente no fundo com resina, se o casco for de fibra de vidro. Se o casco for noutro material já não é possível a utilização deste método. Ainda assim se no casco existirem bolhas de ar, ou espuma, a eficácia é de imediato comprometida.

No método externo e mais vulgar, o transdutor fica directamente em contacto com a água, não se colocando à partida a possibilidade de problemas na emissão e recepção dos sinais. Alguns transdutores estão equipados com sensor de temperatura da água e velocímetro, sendo este o único método possível para um desempenho real destas funcionalidades. No entanto a montagem deve ser efectuada num local onde não se vão formar bolhas de água e/ou cavitações durante a deslocação, sendo importante o facto do casco ser liso no alinhamento em direcção à proa e ausente de nervuras que possam produzir bolhas de ar.

Outra possibilidade de colocação de um transdutor externamente é no motor eléctrico, processo habitualmente utilizado pelos pescadores de achigã. A vantagem é a possibilidade de “ver para a frente” e não para trás, bem como direccionar o feixe lateralmente para o local pretendido.

Características

Qualquer sonda possui diversas características que deverão ser consideradas aquando da sua aquisição, dependendo das nossas necessidades e das condições dos locais em que pescamos.

Potência, indicada em Watts: Quanto maior a potência, maior a profundidade atingida e maior detalhe na apresentação dos ecos.

Frequência: frequência do sinal sonoro enviado ao transdutor. As frequências baixas são mais indicadas para águas profundas e no mar, enquanto as mais altas são indicadas para a água doce.
Resolução do display, quanto maior for a resolução mais detalhe, definição e real será a apresentação das imagens no visor.
Ângulos (s) trata-se do(s) cone(s) produzido(s) pelo emissor. Quanto maior for o ângulo do cone, melhor funciona a baixa profundidade e menos detalhe produz em grande profundidades, onde será preferível um ângulo inferior.

Funções genéricas

Fish ID – Identifica os reflexos como peixes e permite em alguns modelos a utilização de um alarme sonoro, consoante o tamanho de peixe seleccionado, para alertar o utilizador.
Zoom – Permite a selecção de uma gama de profundidades para melhor percepção da imagem. Ou seja se escolhermos a escala de 15 a 30 metros embora se perca informação dos primeiros 15 metros, teremos maior detalhe do fundo do que se mantivermos a habitual escala de 0 a 30 metros.

Deep Alarme – Permite o ajuste de uma profundidade mínima e sempre que esse valor é inferior ouve-se uma alarme sonoro.

Combinado Sonda e GPS (fonte www.humminbird.com)


Estes são os pontos comuns nas várias sondas de gama média e porventura as mais utilizadas na pesca quer em água doce ou salgada. Outras há, específicas de cada marca e de igual forma úteis e importantes para os utilizadores. Ainda assim os fabricantes estão constantemente a introduzir alterações nos equipamentos sendo já bastante comuns as sondas com GSP, mantendo no mesmo aparelho as funções dos dois equipamentos, com todas as vantagens e inconvenientes que isso acarreta.

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