"Se as várias estimativas que temos recebido se concretizarem, em 40 anos ficaremos sem peixe"

- Pavan Sukhdev, economista e consultor da ONU, sobre o eventual esgotamento dos recursos piscícolas a nível mundial, em 2050 (In Visão 20/26 Maio 2010)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

RTP2 - Entrevista à ANPLED

A RTP2 dedicou no programa “Da Terra ao Mar” uma entrevista ao Presidente da ANPLED, João Borges.
Para quem não teve oportunidade de ver o programa, aqui fica o programa integral.


Entrevista da ANPLED from xpto xpto on Vimeo.

O peixe-agulha


O peixe-agulha (Belone belone), é uma espécie predominantemente costeira, vulgarmente encontrado em toda a costa portuguesa, em particular nos meses mais quentes do ano.
Pode formar pequenos cardumes, embora seja mais comum observarem-se dois ou três indivíduos próximos e em constante movimento.
O seu nome deriva do aspecto alongado do corpo, incluindo os maxilares, sendo o superior maior que o inferior e munidos com numerosos dentes afiados.
Possui escamas pequenas que facilmente se soltam quando lhe tocamos. A cor do dorso é esverdeada e o ventre branco prateado. São predadores muito activos, alimentando-se fundamentalmente de pequenos peixes que caçam em golpes de grande velocidade.
Quando presos no anzol, lutam com vigor e executam saltos fora de água, impressionantes para o tamanho que possuem.
A pesca
Pescar peixes-agulha é relativamente fácil e muitas vezes à vista: Com bóia podem usar-se iscos naturais, como um pedaço de sardinha ou qualquer outro peixe como a cavala e o próprio peixe-agulha, bem como pequenos peixes inteiros, como o peixe-rei.
Com artificias, é possível a sua captura com pingalins, amostras duras e de vinil, muitas vezes destinadas aos robalos.
Pessoalmente prefiro pescá-los à pluma, com linha #5 e pequenos streamers brilhantes. É das espécies mais fáceis de pescar na nossa costa e que mais gozo me dá devido à luta de proporciona, com corridas desenfreadas, saltos e deslocações apenas apoiado na extremidade posterior, enquanto mantém a restante fora de água sacudindo para se libertar. Um verdadeiro peixe de bico, em pequena escala…

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como nasce um escaravelho…

Uma das plumas mais efectivas que usamos para a pesca de ciprinídeos, basicamente carpas e barbos e neste período do ano, é o escaravelho de espuma (foam, segundo a terminologia mosqueira).
Os que nós fazemos cá em casa são bastante simples e sobretudo baratos, uma vez que a espuma é obtida por corte em guilhotina (a de escritório serve perfeitamente) duns chinelos havaianos em promoção a 1€. Claro que escolhi o nº 45 por tem mais material…
Apesar da espuma só por si o fazer boiar, a aplicação do hackle facilita a flutuação, imita as patas do bicho quando visto da posição dos peixes e também o torna mais visível para o pescador.


Instalado o anzol no torno, faço uma camada de ida e volta de fibra de pavão, para dar na parte inferior da imitação, os reflexos metálicos que muitos escaravelhos possuem


Ata-se a tira de espuma, apertando bem


Vira-se a espuma para a argola do anzol a aperta-se com duas ou três voltas, para realizar o abdómen

Uma volta mais à frente repete-se, para concretizar o tórax do animal


E mais uma, para sugerir a cabeça



Umas voltas depois corta-se o excedente da espuma e aplica-se um pouco de cola cianocrilato



Meia volta atrás, prende-se o hackle


Cinco voltas de hackle depois prende-se a extremidade e corta-se o excedente



Finaliza-se o remate da linha e aplica-se mais um pouco de cola



E assim nasceu um escaravelho, que não passa de um conjunto de coisas intragáveis, mas que apanha peixes!

domingo, 11 de outubro de 2009

Nó Albright

O nó Albright é um dos nós mais conhecidos e sobretudo fundamentais em qualquer tipo de pesca. É utilizado para unir dois pedaços de linha, que podem ser do mesmo diâmetro, embora a sua particularidade seja o facto de poderem ser de diâmetros muito diferentes.
Tem aplicações tão diferentes que vão desde o spinning de mar, para unir o multifilar ao nylon do leader, ou na pesca à pluma para unir a cauda de rato ao terminal de nylon.






Aliás, foi-me extremamente útil numa recente jornada de carpas à pluma, particularmente azarada, em que até o terminal de ligação da cauda de rato se partiu, numa prisão num arbusto que estava atrás de mim.
Como a aplicação do terminal é trabalho de casa, feito com alguns requisitos como referi num texto passado, só me restou recorrer ao nó Albright para continuar a tentar pescar mais uns peixes.

Ainda assim, não me livrei duma valente tareia, por “não-sei-quantas/bué, a duas” proporcionada pelo meu filho, que ainda fez esta foto duma, com cerca de dois quilos.
Para esclarecer qualquer dúvida, há vídeos no You Tube bastante elucidativos, como por exemplo este, mais completo e com outro acabamento na parte final.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Carretos: Trutas e Surfcasting


Mais um claro contraste, entre duas técnicas de pesca que pratico, ao nível dos acessórios e mais um exemplo para a galeria recém-criada dos “Contrastes”:
- À esquerda um carreto Vega modelo Lupo 600, com capacidade de 100 metros de 0.18mm, quatro rolamentos e uma relação de recuperação de 5,2 voltas, por cada uma da manivela.
Utilizo-o na pesca de trutas, em spinning ultra-ligeiro, nas pequenas ribeiras do Interior. Uma pequena peça de relojoaria, como uso chamar-lhe…
- À direita, um Vega modelo TD 8000, com capacidade de 280 metros de 0.35mm, catorze rolamentos (!) e uma relação de recuperação de 4,5 voltas, por cada uma da manivela.
Utilizo-o na pesca de mar na modalidade de surfcasting, ou na pesca ao fundo embarcado. Um verdadeiro rebocador incansável, com uma suavidade de funcionamento verdadeiramente surpreendente e um enorme gozo de utilização.

sábado, 3 de outubro de 2009

Robalo azarado, com sorte

Estas férias, numa pesca de fundo em zona de areia, o meu filho capturou pequeno robalo, com cerca de trinta e poucos centímetros, que devido à escassez de peixe até teve direito a foto. À primeira vista nada tinha de especial, até ao momento em que o soltou da linha.
Já sem o anzol, repara que ainda há um pedaço de nylon que sai do peixe, com cerca de 50 centímetros e termina subitamente.
Seguindo o fio, rapidamente reparamos que lhe sai… justamente pelo ânus…
Numa inspecção rápida à cavidade bocal, nem vestígios de anzol…
Percebemos que o peixe esteve preso numa linha de pesca, partiu o estralho, que era entre os 0.20mm 0.25mm, continuou a alimentar-se enquanto foi também ingerindo o resto da linha, até esta sair pelo único sítio possível.

Não nos pareceu boa ideia puxar. Por isso cortamos a linha bem junto ao peixe, cremos que os ácidos estomacais e a água salgada ajudem a corroer o anzol, e se liberte aos poucos e finalmente, do piercing interno.
Foi libertado obviamente…Para além do azar que o persegue, o que é certo é que já esteve preso duas vezes e continua a viver, se não se deixou enganar novamente entretanto…
Só depois, ao vermos a foto em casa, é que reparamos que era possível ver as duas linhas no peixe, porque quando foi feita, ainda desconhecíamos a particularidade deste peixe azarado mas com sorte!